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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O Feiticeiro de Terramar




Nome: “O Feiticeiro de Terramar”

Autora: Ursula K. Le Guin

Nº de Páginas: 208

Editora: Livros do Brasil

Sinopse: Não possui nesta edição, contudo podem ler a disponível na Editorial Presença.

Opinião: Ursula Le Guin é a autora mais galardoada até aos dias de hoje, com cinco prémios Hugo, seis prémios Nebula e nove prémios Locus. O volume inicial da tetralogia Ciclo de Terramar,”O Feiticeiro de Terramar” recebeu inclusive em 1974 o “Boston Globe Horn Book Award” for Excellence.

Esta obra leva-nos a conhecer o jovem Ged, um rapaz com uma vontade enorme de aprender e de desenvolver ao máximo os seus poderes, desde a sua infância até se tornar um feiticeiro. Desde o princípio que Ged demonstra possuir capacidades superiores aos seus colegas que são, juntamente com ele, aprendizes de feiticeiro na ilha de Roke, o que o torna ousado e algo altivo, levando-o a ganhar alguns inimigos. Ao ser confrontado por um jovem da escola solta uma estranha sombra que lhe deixará marcas profundas e que o perseguirá até ao fim.

Tenho de confessar que nunca tinha ouvido falar sobre esta tetralogia, até um amigo me ter dito que comprou livros da autora na Feira do Livro, da Colecção Argonauta, por um preço tentador. Depois de todas as opiniões fantásticas que tenho acompanhado durante o ano que demorei a ler esta obra, a curiosidade e a expectativa de embrenhar no seu mundo eram enormes. Desta autora o único livro que tive o prazer de ler foi “A Mão Esquerda das Trevas”, num registo completamente diferente daquele que encontrei nesta obra, tanto em termos de linguagem, como de ambiente.

Este volume inicial é bastante interessante, até porque me fascina como em tão poucas páginas a autora nos consegue contar tanta coisa sobre a vida deste jovem feiticeiro, sem nos parecer apressado. É impossível não sentirmos apresso por Ged e torcermos para que tudo lhe corra bem, até porque acompanhamos a sua jornada desde criança, até ser um jovem de 19 anos, que por tudo o que vivencia parece muito mais velho. Foi um prazer enorme poder acompanhar as suas mudanças emocionais e poder fazer parte de todas as suas viagens, num mundo onde os dragões existem, a magia é uma realidade e o nome das coisas e das pessoas têm uma importância enorme.

Dos aspectos que mais me fascinaram na obra foi a sombra que persegue Ged, pois pareceu quase como uma punição por ter realizado magia sem consentimento e sem os poderes necessários para a refrear aquando a sua investida, mas também quase como se fosse uma parte negra de si mesmo. Além deste facto, foi graças a ela que Ged é obrigado a crescer e a compreender que existem certas coisas que vão para além da nossa possibilidade de solução, que por muito bons que sejamos não podemos mudá-las.

Numa escrita inebriante, onde tudo parece ter sido pensado ao mais ínfimo pormenor, Ursula Le Guin apresenta-nos, deste modo, esta personagem deveras interessante, que se encontra de tal modo bem construída que o seu desenvolvimento e as suas mudanças se tornam imensamente subtis. Quase como quando nós mesmos sofremos alterações e só quando elas estão bem enraizadas é que as constatamos.

O único aspecto negativo que tenho a apontar são as capas tanto da edição que possuo, como mesmo da Editorial Presença, que acabam por transparecer uma imagem completamente errada da história que se encontra no seu interior. No caso da capa da Editorial Presença poderia parecer que era um livro para uma classe mais juvenil, contudo a verdade é que a considero intemporal, possuindo algumas mensagens, que possivelmente só com alguma maturidade é que será possível compreendê-las.

Um clássico que, sem dúvida, deve ser lido por miúdos e graúdos, de uma saga que se avizinha tornar-se bastante especial.

Avaliação: 4/5 (Gostei Bastante!)