Nome: “Em Troca de um Coração”
Autora: Jodi Picoult
Nº de Páginas: 436
Editora: Livraria Civilização Editora
Sinopse: “Aceitava realizar o último desejo de um condenado para
salvar a vida de um filho? Com uma sensibilidade literária invulgar, Jodi
Picoult conduz uma vez mais o leitor a uma encruzilhada moral. Como é que uma
mãe concilia a trágica perda de um filho com a oportunidade de salvar a alma de
um homem que odeia? Shay foi condenado à morte por matar a pequena Elizabeth
Nealon e o padrasto. Onze anos mais tarde, a irmã de Elizabeth, Claire, precisa
de um transplante de coração e Shay, que vai ser executado, oferece-se como
dador. Este último desejo do condenado complica o plano de execução, pois uma
injecção letal inutilizaria o órgão. Entretanto, a mãe da criança moribunda
debate-se com a questão de pôr de parte o ódio para aceitar o coração do homem
que matou a sua filha. Picoult hipnotiza o leitor com uma história de redenção,
justiça e amor.”
Opinião: Jodi Picoult é uma escritora americana com 21 bestsellers editados, tendo a obra “Em
Troca de Coração” sido lançada inicialmente em 2008. A 13 de Dezembro de 2011 a
Paramount Pictures anunciou o seu
interesse em realizar uma adaptação do romance, contudo embora alguns actores
tivessem sido convidados, o projecto acabou por não ganhar forma.
June encontrava-se grávida de oitos meses,
quando viu a sua vida ser ditada por um homem, que, de um dia para o outro, lhe
tirou as duas pessoas que mais amava, o seu marido e a sua filha Elizabeth.
Onze anos mais tarde a sua filha Claire necessita de um coração e Shay, o homem
que lhe levou a sua família, encontra-se disposto a doar o seu coração à pequena
Claire, depois de ser executado. Estará June disposta a abdicar da sua vingança
em prole do amor que sente pela sua filha? Terá Shay o seu último desejo
cumprido?
Após ter acompanhado várias opiniões que
mencionavam a componente religiosa patente na obra, confesso que iniciei esta
obra com algum receio do que iria encontrar. Sou uma pessoa bastante céptica,
que muitas das vezes precisa de ver para querer e como agnóstica que sou, não
creio nem descreio em Deus. Como a advogada de Shay menciona, numa das suas
passagens, penso que a religião aparece quando o Homem necessita dela em alguma
altura da sua vida, com o intuito de se sentir melhor e de encarar cada novo
dia e provação com um sorriso. Tendo isto em conta e sabendo que na obra era bastante
mencionada a crença em Deus e milagres, estava um pouco receosa, contudo acabei
por apreciar a obra, mesmo tendo em conta esta componente.
Nesta obra somos confrontados com diversos
temas, desde o assassinato de um homem e de uma menina, por um jovem adulto; a
crença em Deus e também algumas das inconsistências da Igreja Católica; o
arrependimento e a tentativa de redenção de um homem; a realidade da execução; o
amor, o perdão e a certeza de que nem tudo o que parece ser à primeira vista o
é verdadeiramente.
Através da perspectiva de June, do padre
Michael, Lucius e Maggie temos a possibilidade de conhecer e acompanhar a vida,
os ideais e percepções dos diferentes personagens. Um dos aspectos que mais me
marcam e que mais valorizo na escritora é a forma fantástica como cria as suas
personagens, de uma forma que invariavelmente nos toca e criam uma ligação connosco.
Todas as personagens da obra conseguiram tocar-me e ensinar-me um pouco, tornando
a obra ainda mais inesquecível. Esta sua forma de narrar a história a várias
vozes define, sem dúvida, o estilo da autora.
June perdeu o seu marido e filha às mãos de
Shay Bourne e somente o facto de se encontrar grávida, a impulsionou a sair da
letargia em que viveu durante os primeiros tempos. Quando confrontada com a
possibilidade de salvar a vida da sua filha mais nova, fica reticente se deverá
realmente fazê-lo, mesmo que isso signifique cumprir o último desejo da pessoa
que mais odeia e que mais lhe tirou. June demonstra a dor de uma mãe, a impotência
que se sente quando alguém que amamos se encontra a sofrer e as marcas deixadas pela morte de alguém que amamos.
Michael foi um dos jurados que levou à
execução de Shay e que alguns anos depois se tornou padre, por se sentir de
certa forma culpado por ter levado a que a execução fosse aprovada. Onze anos
depois torna-se o conselheiro espiritual de Shay e encara esta missão como uma
forma de salvar-se a si mesmo e Shay, tentando ao máximo que este encontre a
paz e que consiga lutar pelos seus ideais.
Lucius é um dos companheiros de cadeia de
Shay, que se encontra preso por ter morto o seu companheiro, que o havia traído.
Um artista nato, capaz de criar tintas através dos mais variados alimentos, é
também portador de Sida e irá ser uma das pessoas visadas com os supostos
milagres que Shay é capaz de realizar.
Maggie é uma advogada com uma baixa
auto-estima, que tem uma relação complicada com a sua mãe e que irá fazer de
tudo para ajudar Shay a conseguir aquilo que ambiciona. Graças a este caso,
Maggie irá ganhar mais do que um julgamento mediático, irá também ser capaz de
ver para lá dos seus próprios olhos, irá perceber que pode e merece ser amada e
que a justiça por vezes possui um sabor amargo.
No que se refere a Shay, embora seja um crime
hediondo, aquele porque estava a ser acusado, confesso que não consegui, nem mesmo
no início, odiá-lo. Viveu durante toda a sua infância e grande parte da sua
juventude em lares de acolhimento, sem amor, sofrendo por vezes diversos abusos,
o que acaba por se considerado como uma atenuante pelo seu crime. Tenho de
admitir que a menos de metade da obra comecei a desconfiar o que realmente
deveria ter sucedido no dia do assassinato, o que aliado aos supostos milagres
de Shay, me levou a sentir somente curiosidade por esta misteriosa personagem,
que se mostrou ser das mais ricas, interessantes e melhores personagens, já
criadas pela escritora.
No que se refere ao tema da execução, que é
um dos focos da obra, confesso que concordo muito com a ideia defendida pelo
director da prisão. Penso que ninguém tem direito de ditar quando alguém deve
viver ou morrer e que uma vida não pode substituir outra, pelo que executar um
criminoso, mesmo essa pessoa tendo morto alguém, não me parece de todo certo.
Numa escrita bastante emotiva, compulsiva e
fluída, Jodi Picoult apresenta-nos temas controversos como o assassinato, a
execução, a religião, defendendo que nunca é tarde para perdoar, nem para nos arrependermos
e que a vida não é “preto no branco”.
“Em Troca de um Coração” foi, desta feita,
uma obra que me deu um prazer enorme de desfolhar, que me emocionou
profundamente e que me fez pensar sobre os mais diversos temas. Jodi Picoult é,
sem dúvida, a Rainha do Drama e esta obra só veio reforçar essa ideia.
Frases
a Reter: “Quando somos diferentes, às vezes não vemos os milhões de pessoas que
nos aceitam como somos. Só reparamos na única pessoa que não nos aceita.”
“Eis a minha opinião: não me parece que as
religiões se baseiem em mentiras, mas também não me parece que se baseiem em
verdades. Acho que surgem devido ao que as pessoas precisam na altura.”
Também gostei bastante deste livro, embora não seja dos meus preferidos dela...A Maggie é muito engraçada!
ResponderEliminarOlá Sara. :)
EliminarTambém não é dos meus preferidos, especialmente por tê-lo achado bastante previsível, mas gostei muito da abordagem e das personagens. :) A Maggie é mesmo engraçada, gostava de a voltar a encontrar futuramente. :)
Beijinhos.
Acho que ela não aparece em mais nenhum...Ainda só encontrei um advogado "repetido" que o que entra no Pacto.
Eliminarcumps
Só reparei que ela tinha repetido personagens em "Tudo por amor" e "Dezanove Minutos", o detective Patrick Ducharme e a Nina Frost, mas pode ser que ela o volte a fazer. :)
Eliminarconfesso que quando comecei a ler pensei que ia encontrar um livro em que Jodi ia abordar os diferentes tipos de pensares (desde a advogada, ao conselheiro espiritual, ate a familia de June). Teve isso tudo e muito mais. habituei-me a este tipo de leitura. Se por um lado pensamos uma coisa Jodi faz-nos pensar ate que ponto e valido essa opiniao?! Adorei o livro, embora tenha achado muito interessante o ''Para a minha irmã'' e o ''No seu mundo''. o proximo a ler vai ser o ''19 minutos''.
EliminarOlá Tiago, sê bem-vindo. :)
EliminarComo te compreendo, uma das coisas que mais aprecio na escritora é a forma como nos proporciona diferentes visões sobre determinado assunto e a forma como consegue abalar as nossas certezas e aquilo que considerávamos ser o mais correcto. :) Penso que também vais gostar muito do "19 minutos" e conto ler um dia o "No Seu Mundo", do qual só oiço maravilhas. :)
Boas leituras
Adorei esse livro *.*
ResponderEliminarOlá Cata. :)
EliminarTambém gostei muito e sinceramente não estava à espera de gostar tanto, devido à componente religiosa, mas Picoult não desilude. :P
Beijinhos e boas leituras.
Olá! Estava com medo de ler esse livro e ele ser triste demais, mas acho que ele é mais do que isso neh. Resenha muito boa.
ResponderEliminarBjoss
Olá Fê. :)
EliminarChorei bastante a ler as últimas páginas do livro, confesso, mas vale muito a pena porque aborda muitos temas interessantes, que nos tocam e nos deixam a pensar. Adoro livros assim, que me permitem pensar sobre os mais variados temas e por vezes até questionar aquilo que considero como certo até então e os livros desta escritora são perfeitos nesse aspecto. :)
Obrigada pelo elogio. Beijinhos*
Estou há séculos atrás deste livro!Vai ser a minha próxima leitura de Picoult.
ResponderEliminarOlá Jojo. :)
EliminarTambém já há algum tempo que o tinha debaixo de olho. Como adoro Picoult teria invariavelmente de o ler e realmente não me desiludiu. Espero que gostes tanto quanto eu. :D
Beijinhos e óptimas leituras*
Olá Rita,
ResponderEliminarjá li alguns livros da Jodi Picoult, o Tudo por Amor, o Décimo Círculo e o No Seu Mundo. Gostei bastante mas não li ainda mais nenhum livro dela. No entanto, gostei da tua opinião acerca deste. Ainda não o conhecia. Obrigada :D
Beijinhos e boas leituras**
Olá Carolina. :)
EliminarJá li sete da Picoult e cada vez me cativa mais. Dos que referes confesso que "O Décimo Círculo" foi o que menos gostei e tenho muita curiosidade em ler o "No Seu Mundo". :)
Não tens de quê, eu é que agradeço, fico contente por te ter "espicaçado" a curiosidade. Dos que li até agora gostei mais do "Para a minha irmã" e "Dezanove Minutos", mas este também é muito bom. :)
Beijinhos e boas leituras*
Ois Rita,
ResponderEliminarComo é possível ainda não ter lido o teu preferido da escritora, mas ainda o tenho para ser lido, a ver se começo, pois a partir dai devo querer ler mais livros.
Mais um belo comentário, gostei ;)
Bjs
Olá Paulo. :)
EliminarO meu preferido da escritora tenho-o emprestado, com a p7, mas o "Dezanove Minutos" tenho-o em casa. O livro a que te referes, que te emprestei, é o "Nunca me Esqueças" da Lesley Pearse, mas espero que gostas tanto quanto eu. :) As obras da Lesley são bastante diferentes das da Picoult e sinceramente prefiro muito mais a Picoult. :P
Obrigada. Beijinhos.
Ois,
EliminarAi fiz confusão sim, mas olha ainda me deixaste mais curioso :D
Bjs
Isso é que se quer. :P Fico contente e acredito que não ficarás desiludido.
EliminarBeijinhos.
Sou brasileira e estou lendo este livro em pdf, português de Portugal e confesso que a autora é minha favorita, nunca consigo odiar seus personagens, em grande maioria me compadeço deles, já que todos tem algo de bom ou ruim dentro de si.
ResponderEliminarUm dos meus favoritos é o "Dezenove Minutos" me compadeci muito de Peter, e me emocionei muito com "A menina de Vidro", já leu?
beijos
Olá Renata, sê bem-vinda. Obrigada pela visita e pelo comentário. :)
EliminarEsta também é uma das minhas autoras preferias, adoro a forma como nos coloca a pensar sobre os mais variados temas, como nos faz compadecer pelos seus personagens e nos leva a questionar sobre o que faríamos se determinada situação acontecesse connosco. Pessoalmente acho que é mesmo das melhores escritoras dentro do género. :)
"Dezanove Minutos" já li e é juntamente com o "Para a minha irmã", um dos meus preferidos. Gostei muito do tema elegido pela escritora, que é tão real e gostei igualmente muito das personagens, especialmente do Peter. Foi impossível para mim não perceber em certa medida as suas acções, por muito horríveis que tenham sido... Quanto ao "A menina de vidro" ainda não li, penso que ainda não foi traduzido em Portugal, mas deixaste-me curiosa. :D
Beijinhos