quarta-feira, 22 de abril de 2015

"Últimos Ritos" de Hannah Kent [Opinião]


Nome: “Últimos Ritos”

Autora: Hannah Kent

Nº de Páginas: 320

Editora: Saída de Emergência

Sinopse: “Uma magnífica estreia literária baseada e inspirada numa história real: os últimos dias de uma jovem acusada de homicídio na Islândia em 1829.
Na agreste paisagem islandesa, Hannah Kent traz à luz dos nossos dias a história de Agnes que, acusada do brutal assassínio do seu anterior amo, é enviada para uma quinta isolada enquanto aguarda a sua hora final.
Apavorados com a perspectiva de virem a albergar uma assassina, a família que a acolhe evita Agnes nas primeiras abordagens. Apenas Tóti, um padre designado para acompanhar Agnes nesta última caminhada e ser o seu guardião espiritual, procura compreendê-la.
Mas assim que a data da morte de Agnes se avizinha, a mulher e filhas do lavrador descobrem que há uma segunda versão para a história brutal que ouviram.
Fascinante e lírica, Últimos Ritos evoca uma existência dramática num tempo e espaço distantes, dirigindo-nos a enigmática pergunta: como pode uma mulher suportar a mágoa e a injustiça quando a sua vida depende das histórias contadas pelos outros?”

Opinião: Hannah Kent nasceu em Adelaide, Austrália, em 1985. Quando era jovem teve a possibilidade de viajar para a Islândia, quando fazia um intercâmbio, e foi nesse momento que teve conhecimento da história de Agnes Magnúsdóttir, que viria a dar origem à sua primeira obra, “Últimos Ritos”.

“Últimos Ritos” mostra-nos a história de uma jovem acusada de assassinato na Islândia, em 1829. Agnes foi acusada, com outras duas pessoas, do assassinato do seu anterior amo e de um amigo do mesmo. Antes da sua execução é enviada para uma quinta isolada, onde irá ajudar a família do lavrador que a acolherá, e receberá ajuda de Tóti, um padre, que tem a função de ajudar Agnes a redimir-se do seu crime e a partir em paz.

Confesso desde já que não consegui ficar indiferente desde logo à quantidade de prémios que esta obra conseguiu vencer, nove na totalidade, tendo sido candidata a mais oito. Aspecto que, sem dúvida, me suscitou interesse relativamente à obra e me convenceu que a teria de ler. Contudo, tenho igualmente de admitir que não fiquei completamente rendida à mesma. No princípio do livro a narrativa é um pouco lenta e demoramos a embrenhar na história e a ligarmo-nos às personagens, o que aliado ao facto de a relação entre estas ser um pouco efémera, não me fez apreciar a obra tanto quanto gostaria.

Outro aspecto que me chamou à atenção na obra foi o facto de se basear numa história verídica e esse facto mostrou ser um dos aspectos mais positivos da obra, pelo trabalho de pesquisa da autora, tal como o detalhe e cuidado que a mesma teve em contar esta história.

Na obra também me cativaram os flashbacks da vida de Agnes, narrados pela mesma, e algumas cartas subjacentes no início de cada capítulo, que tornaram a obra mais real e cativante.

No que concerne às personagens, penso que a relação entre as personagens devia e merecia ter sido mais trabalhada e desenvolvida, pois pareceu-me demasiado rápida a relação e intimidade desenvolvida entre as mesmas. Efectivamente constatamos que Agnes divide os dias com Tóti, o padre que a ajudará na hora da sua morte, e a família que a acolhe, todavia não nos é mostrada de forma muito profunda esta relação, que justifique posteriormente as acções ocorridas. Todavia, apesar deste aspecto menos positivo, penso que a autora sabe manobrar bem os sentimentos do leitor, colocando-o na dúvida e num dilema moral, sobre o que é certo ou errado, o que é muito interessante e positivo.

Com uma escrita portadora de descrições carismáticas e envolventes, que nos transportam para as aldeias e ruas mencionadas, Hannah Kent apresenta-nos uma história baseada em factos verídicos, sobre a última mulher a ser assassinada na Islândia, Agnes Magnúsdóttir.

Em suma, “Últimos Ritos” foi uma obra que me agradou, que me fez pensar sobre o que considero certo e errado, deixando-me curiosa com futuras obras da escritora.



Avaliação: 3/5 (Gostei!)

4 comentários:

  1. Quando saiu quis muito ler, mas entretanto perdi o interesse :/

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    1. Olá Cata. :)

      Confesso que nunca tinha ouvido falar do livro, até sair em Portugal, e decidi ler por causa das opiniões positivas que foram saindo de leitores portugueses e também por causa de todos os prémios que venceu.

      Não sei se já leste Lesley Pearse, mas este livro fez-me lembrar um pouco o "Nunca me Esqueças", só que na minha opinião a Lesley consegue desenvolver melhor as personagens e a relação entre elas... Acho que este "últimos Ritos" se tivesse mais umas páginas, onde fosse desenvolvida mais a relação entre as personagens, me teria agradado mais, sem dúvida.

      Boas leituras

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  2. Ois,

    Um livro que gostei bastante, compreendo-te quando dizes que não encheu as medidas por completo, ainda assim um livro que vale bem a pena ser lido :)

    Bjs e boas leituras

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    1. Olá Paulo. :)

      Eu também gostei e agradou-me especialmente a capacidade que a autora tem de nos fazer pensar no que é certo e errado. Como referi à Cata, acho que se a autora tivesse investido mais na relação entre as personagens, teria gostado muito mais da obra, do que sucedeu. De qualquer modo, agradou-me e fico curiosa por ler mais obras da escritora. :)

      Beijinhos e boas leituras

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