quinta-feira, 7 de março de 2013

Quando o Papá Voltar



Nome: “Quando o Papá Voltar”

Autora: Toni Maguire

Nº de Páginas: 256

Editora: Edições ASA

Sinopse: “A infância de Toni terminou quando ela tinha apenas seis anos e o seu pai lhe roubou a inocência. Já adolescente e após anos de abusos sexuais, ela encontrou por fim a coragem para o enfrentar, conseguindo que fosse condenado à prisão. Toni acreditou então que podia ter uma vida normal. A sua relação com a mãe floresceu, bloqueando por completo as más recordações. Mas, dezoito meses mais tarde, Toni chega a casa e encontra o pai sentado na sala de estar. Foi nesse momento que percebeu que o pesadelo não terminara e que a mãe esperara ansiosamente pelo regresso do marido.
Sozinha e traumatizada, Toni saiu de casa e mergulhou numa profunda depressão, tendo acabado por ser internada num hospital psiquiátrico. E, quando já ninguém acreditava na sua recuperação, ela começou a melhorar. A sua enorme força de vontade permitiu-lhe começar de novo e, através do seu testemunho, alertar e ajudar todos os que, como ela, são vítimas inocentes das pessoas em quem mais confiam.”

Opinião: “Quando o Papá Voltar”, lançado inicialmente em 2007, apresenta-nos a continuação da história verídica de Toni Maguire, vítima de violação por parte do pai desde os seus 6 anos de idade.

No final da anterior obra, “NãoDigas Nada à Mamã”, Toni havia acusado o pai de violação, o que tinha levado à sua condenação. Com a prisão do pai, tudo muda na vida desta menina, que finalmente consegue o que sempre ambicionou, uma vida aparentemente normal, junto da mãe que sempre adorou. Para fugir do escândalo, compram ambas uma casa e rapidamente Toni vê surgir a mãe que sempre quis ter, amiga e atenciosa, que sorri e partilha os dias com a filha. Assim, inicia-se uma vida agradável para esta jovem, que aos poucos vai conhecendo algumas pessoas da idade dela e consegue inclusive conhecer um rapaz que a faz feliz. Contudo, o seu segredo ainda a atormenta, primeiramente porque continua a refugiar-se no álcool, para contornar os problemas, e porque a aparente estabilidade da sua vida irá ser abalada pela volta do pai para casa.

Toni fica destroçada ao constatar que a mãe está disposta a albergar de novo em casa de ambas, o homem que tanto mal lhe fez. Após várias agressões e de perder o namorado, Toni é expulsa de casa e obrigada a viver num quarto com vários outros inquilinos. A dor de todas estas perdas e provações levará esta jovem a entrar numa depressão tão grande, que só um acompanhamento psiquiátrico poderá auxiliar.

Na anterior obra senti que era uma obra difícil de ler de seguida, devido a todos os momentos vivenciados e à carga psicológica contida na obra. Embora este volume também seja bastante triste, é uma obra que se lê de uma assentada, pois temos bastante curiosidade por saber o que se passará de seguida na vida da nossa narradora.

É uma obra que nos transmite vários sentimentos e que nos apresenta diferentes realidades. Sentimos raiva por esta mãe, que apesar de tudo o que a filha passou às mãos do seu marido, ainda o aceita de volta, preferindo abdicar da sua única filha, em prole deste marido que não lhe traz felicidade nenhuma.  Nos dois anos em que o marido está preso, vemos surgir uma pessoa carinhosa, atenciosa, feliz, embora ainda seja muito ligada às aparências, que a definem enquanto pessoa, contudo quando o marido é solto, deixamos de ver essa felicidade, passando a ser novamente uma pessoa carrancuda. Deixa-me triste que alguém esteja disposto a abdicar da felicidade, devido às aparências. Penso sinceramente que esta mãe nunca amou realmente a filha, pois em caso contrário não a faria passar por todas estas provações.

Ao longo desta narrativa sentimos também tristeza por Toni, porque desde pequena nunca teve ninguém que a amasse verdadeiramente e que lhe mostrasse como a vida pode ser fantástica. É revoltante que esta menina tenha sofrido tanto, que tenha inclusive entrado numa depressão tão grande, que a levou a ser hospitalizada num hospital psiquiátrico, onde foi submetida a tratamentos atrozes e onde conheceu realidades absolutamente angustiantes, devido a estes pais horríveis.

Gostaria também de salientar que as cenas no hospital psiquiátrico me permitiram conhecer como eram na década de 60 estes hospitais, os tratamentos e como eram tratados os doentes. Foram dos momentos mais fortes das obras, em que somos confrontados com cenas realmente angustiantes, em que as pessoas são tratadas quase como objectos, que não têm direitos, nem a atenção que qualquer pessoa merece.

Como único aspecto negativo a apontar na obra, seria o modo rápido como nos foi contada a vida de Toni depois de todas as provações. Fiquei curiosa por saber mais sobre a sua vida depois de tudo o que passou, mas infelizmente a autora não desenvolve muito essa parte. Sei que não é esse o objectivo do livro e que se calhar estou a querer ser intrometida, porém fica a vontade de saber mais sobre a vida desta lutadora.

Ao escrever estas obras Toni conseguiu mais do que expor os seus fantasmas, mas também auxiliar inúmeras pessoas. Estas obras são consideradas por muitos leitores, como obras de força e perseverança e tal é incontestável. Toni é realmente uma mulher de garra, de perseverança, que nos ensina que somos capazes de ultrapassar qualquer barreira, desde que sejamos fortes e que não deixemos que outros definam a nossa vida e quem somos.

Frases a Reter: “O ódio lesa a pessoa que o sente (...) o seu alvo nunca sente o seu efeito.” 

6 comentários:

  1. Olá Rita,
    gostava muito de ler este livro. Obrigada por mo apresentares, gostei muito da tua opinião :)
    Beijinhos e boas leituras**

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    1. Olá Carolina. :)

      Oh não tens de agradecer. :) Fico contente que tenhas gostado da opinião e que a obra te tenha chamado à atenção. É uma obra que nos apresenta uma dura realidade, mas que também nos mostra importantes mensagens.

      Beijinhos e boas leituras*

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  2. Olá Rita,

    Belo comentário, gostei de ler e fiquei curioso, mas é tanta coisa para ler, mas o importante é que tenhas gostado e divulgues a obra ;)

    Não atribuíste "pontuação" ?

    Bjs e boas leituras :)

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    1. Olá Paulo. :)

      Obrigada pelo elogio. :) Já me suscita interesse há tanto tempo, que aproveitei para o ler emprestado por uma amiga.

      No outro livro da escritora expliquei porque não atribui pontuação, mas neste acabei por não o fazer... Não atribuí pontuação porque me custa muito pontuar uma história como esta, que é verídica. Neste volume em específico acho que até não tinha muita dificuldade na eleição da pontuação, mas no anterior era impossível conseguir votar porque não saberia o que votar ou como o fazer.

      Beijinhos e boas leituras.

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  3. Olá!=D

    Já tinha ideia de ler o primeiro, mas depois do que disseste, protelei a sua leitura.. Não é a altura ideal para ler coisas com esta carga emocional..=S

    Além disso, estas situações revoltam-me imenso, não só o que ela sofre em criança, mas o facto de a mãe estar disposta a aceitar o homem de volta.. Nem me alongo mais, para não entrar em parafuso..xD

    Bjinhos e boas leituras!**

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    1. Olá Ghost. :D

      Acredito e compreendo a tua decisão. Antes de me emprestarem as obras, tive vários anos indecisa se havia de comprar ou não as obras, porque algo me afastava das mesmas e a verdade é que percebesse porque acontecia isso. Não são obras nada fáceis de ler, são muito fortes e revoltantes. No primeiro livro em especial, custou-me muito ler aqueles acontecimentos porque tal como acontece contigo, revolta-me bastante que as pessoas que deveriam proteger esta menina acima de tudo, são aquelas que mais mal lhe causam.

      São mesmo obras para serem lidas com determinado estado de espírito, devido à sua carga emocional e percebo perfeitamente o teu desabafo. Na minha opinião nem sabia o que dizer duma mãe que é capaz de fazer isto à sua única filha, que é parte dela... Não tenho palavras para descrever estes pais!

      Beijinhos e boas leituras*

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