Nome: “A Estranha Vida
de Nobody Owens”
Autor: Neil Gaiman
Nº de Páginas: 299
Editora: Editorial
Presença
Sinopse:
“ Nobody Owens podia ser um rapaz perfeitamente normal não fosse o facto de viver num cemitério e ter como família adoptiva uma série de fantasmas, almas penadas e outras entidades semelhantes que o educam e cuidam dele. Owens não se pode gabar de nunca se ter metido em sarilhos, mas é para além das grades do cemitério que residem os verdadeiros perigos, pois é aí que vive Jack - o homem que nunca desistiu de procurar Owens desde aquela sinistra noite em que matou toda a sua família… Suspense, humor e magia num livro encantador destinado a tornar-se uma obra de culto da ficção juvenil.”
Opinião: Neil Gaiman,
nascido no Reino Unido, foi jornalista freelancer até 1987, ano em que se
tornou famoso ao criar, com Dave Mckean, a novela gráfica "Violent Cases". Devido ao sucesso
da mesma, Gaiman abandonou o jornalismo e começou a publicar a série "Sandman", que o levou ao estrelato.
Actualmente, é um dos autores mais adorados pelo público e distinguidos pelos
críticos, tendo inclusive vencido diversos prémios incluindo o Hugo Award e o Nebula Award.
"A Estranha Vida de Nobody Owens", lançado
inicialmente em 2008 e dois anos mais tarde em Portugal, com ilustrações de
Chris Riddell, foi vencedor do prémio Cornegie
Medal 2010. Esta obra inicia-se quando o homem Jack é incutido de
assassinar uma família, um casal e os seus dois filhos, devido ao seu
profissionalismo e mestria, que o tornam perfeito para desempenhar esta missão.
Após assassinar os três elementos mais velhos da família, Jack dirige-se ao quarto
do bebé para terminar o seu trabalho, contudo compreende que o mesmo desapareceu.
Seguindo os seus instintos, acaba por perceber que o menino saiu pela porta de
casa e que o seu rasto termina no cemitério local. Ao invadir o cemitério,
acaba por ser abordado por Silas, o guarda nocturno do cemitério, que lhe
salvaguarda que nenhuma criança entrou no cemitério e que ela certamente se
encontra noutro local. Assim, o pequeno bebé acaba por ser adoptado pelos
Owens, que lhe conferem o nome de Nobody Owens, e pelos restantes fantasmas do
cemitério, que o educam e lhe facultam conhecimentos desde história, à
geografia e até mesmo aos truques de um bom fantasma, a técnica de desvanecer,
do terror, entre outros exemplos, tornando-se Silas o seu tutor.
Esta foi a minha estreia com o escritor, embora já
acompanhasse há algum tempo o trabalho do mesmo e as críticas fantásticas a ele
tecidas. Encontrei nesta obra, destinada a um público jovem-adulto, a oportunidade de conhecer este autor tão
conceituado e posso afirmar sem reservas que foi uma boa surpresa e que não me
desiludiu de forma alguma.
O primeiro ponto que nos cativa desde logo são as
ilustrações que se encontram patentes antes de cada capítulo e que
contextualizam a história e/ou que nos apresentam personagens, que nos serão
futuramente dadas a conhecer. Esta é uma importante característica por
conferir um elemento que torna a obra mais especial e distintiva de tantas
outras dentro do género; por tornar as personagens mais reais na nossa
imaginação e por nos facilitar a idealização das mesmas, tal como dos
acontecimentos da obra.
Adicionando a esta interessante particularidade, a
obra contém elementos bastante cativantes, que suscitam interesse no leitor, desde o porquê do homem
Jack querer matar a família de Nobody, à questão se será capaz de o encontrar,
mas também aos momentos vivenciados por Bod no cemitério, as histórias das
pessoas falecidas, as lições de vida que vai adquirindo, tanto com cada uma das
pessoas com quem convive como através dos erros e contratempos que irá encontrar
ao longo da sua vida.
No que se refere às personagens, é impossível não
apreciar Nobody, ou Bod, como é conhecido coloquialmente, pela sua necessidade
incessante de conhecimento, pela forma como se preocupa com todos e tenta ao
máximo satisfazer os desejos de todos, sem ligar a rótulos, somente olhando para as pessoas ou fantasmas como eles são efectivamente. Este personagem ensina-nos que nunca devemos ligar a
rótulos, que não é por determinada pessoa ser conhecida por fazer ou ser
determinada coisa, que devemos ser preconceituosos devendo tentar conhecê-la,
pois poderemos ser surpreendidos. Frisando que por vezes é necessário soltar
amarras e lutar pelo que acreditamos, entre tantas outras mensagens, que
certamente irão deliciar o leitor.
Numa escrita fluída e mágica, repleta de suspense, Neil Gaiman
apresenta-nos uma história diferente, polvilhada de criaturas originais, que
certamente irão prender miúdos e graúdos, que apreciem este género literário.
Apresentando a morte não como o fim de um ciclo, nem tão pouco os fantasmas como criaturas a temer, o autor dá-nos a conhecer vários personagens, de diferentes épocas, que
continuam a ter algo de importante para ensinar, dizer e que não precisam ser temidos.
Em suma, “A Estranha Vida de Nobody Owens” foi uma agradável surpresa, que me proporcionou algumas óptimas horas de leitura na sua
companhia e que me levará certamente a ler mais obras do escritor.
Avaliação:
4/5 (Gostei Bastante!)
Olá Rita,
ResponderEliminarCaso queiras ler mais algo do escritor diz que posso emprestar-te.
Li o Neverhere e tenho O Bons Augúrios por ler, mas o primeiro vale bem a pena ;)
Quanto ao teu comentário, não me surpreende que te tenha agradado, pois o escritor é de facto muito talentoso.
Continua :D
bBjs e boas leituras :)
Olá Paulo,
EliminarObrigada pelo empréstimo. Por acaso tenho muita curiosidade em ler o segundo que referes. Um dia peço-te emprestado, obrigada. :)
Também gostei muito e lerei certamente mais obras suas. Li uma opinião que defendia que este livro daria uma boa adaptação às mãos do Tim Burton e não poderia concordar mais. Ela que venha, que eu vejo com todo o gosto. :P
Beijinhos e boas leituras