Nome: “E Se Fosse um
Anjo”
Autor: Keith Donohue
Nº de Páginas: 371
Editora: Saída de
Emergência
Sinopse: “Há dez anos que Margaret não tem
contacto com a sua filha Erica. Esta fugiu com um jovem anarquista e vive à
margem da lei no Novo México, onde terá tido uma filha. Por isso, quando numa
noite fria de Janeiro encontra uma criança abandonada à porta de sua casa,
Margaret acredita tratar-se da sua neta. A pequena Norah destaca-se pela sua
inteligência, bondade e cedo demonstra ter habilidades extraordinárias que
encantam a comunidade. Afirma ser um anjo e consegue fazer duvidar os que a
rodeiam. Mas quando uma carta de Erica chega às mãos de Margaret, toda a
realidade que esta criara para explicar o sucedido ameaça desmoronar-se. Pois
se Erica nunca teve uma filha… quem será realmente Norah?”
Opinião: Keith Donohue é um escritor
americano, que tirou um bacharelato e mestrado na Universidade de Duquesne e se
doutorou em Inglês e Literatura pela Universidade Católica da América. O
escritor trabalhou até 1998 no National Endowment of the Arts e redigiu alguns
discursos para presidentes como John Frohnmayer e Jane Alexander.
O
autor, que foi seleccionado e recomendado pela “Associação de Livreiros
Independentes da América”, publicou o seu aclamado romance, “A Criança Roubada”,
em 2006, que foi inspirado num poema de Yeats e o seu segundo volume, “E se
Fosse um Anjo”, em Março de 2009, tendo sido traduzido no presente ano em
Portugal.
Em
“E Se Fosse um Anjo”, a filha de Margaret, Erica, desapareceu faz dez anos e
desde então que a sua mãe vive com a dor da sua falta. Numa certa noite uma
criança bate à porta de Margaret e ela acolhe-a, fingindo tratar-se da sua neta,
de modo a que a vizinhança não estranhe e denuncie o surgimento desta criança
desconhecida. Apesar do seu estranho aparecimento, Norah mostra ser uma criança
portadora de uma inteligência e bondade sem precedentes, melhorando a vida de
Margaret e de uma criança da aldeia. Contudo, certo dia Norah começa a fazer e
proclamar coisas estranhas, como afirmar ser um anjo, e tudo começa a mudar na
vida dos que a rodeiam.
Desde
que tive a possibilidade de ler a sinopse desta obra que fiquei curiosa com a
mesma, uma vez que parecia conter como tema central os anjos e haver um certo
mistério e suspense em torno da história, pelo que foi com alguma curiosidade
que embrenhei nesta leitura. Começo por afirmar que a premissa da obra é um
pouco enganadora, pois desde o primeiro instante que Margaret sabe que Norah
não é sua neta, a única coisa que sabe é que naquela noite ela apareceu à sua
porta, não sabendo nada sobre as suas origens.
Confesso
que apreciei esta obra. Penso que nos encontramos perante uma obra bastante
singular, que aprendemos a gostar a cada virar de página. Trata-se de um livro
introspectivo, com um ritmo, que poderá ser encarado por alguns como sendo
demasiado lento, que nos coloca a pensar e que nos faz questionar sobre as
verdadeiras origens de Norah, sem que, contudo, nos sejam efectivamente dadas
certezas sobre quem é esta menina.
Um
dos aspectos que mais apreciei na obra foi o facto de demonstrar como a perda
de alguém que amamos nos desgasta, nos faz perder a orientação e como, por
vezes, nos agarramos a pequenas coisas, a certas pessoas, a certos
acontecimentos para superar essa dor. Encarei a pequena Norah como sendo aquilo
que Margaret precisava naquele momento, alguém que ela pudesse amar e que a
amasse igualmente, alguém que ela pudesse cuidar e acarinhar, como em tempos
lhe foi negado, com o desaparecimento da sua filha. Margaret encontrava-se
desde o desaparecimento de Erica sem alegria de viver, centrada muito no seu
mundo, não criando laços reais com ninguém e a pequena Norah aparece na sua
vida, quase como um anjo, mostrando-lhe quão boa poderá ser a vida, como ainda
existem coisas pelas quais lutar.
Relativamente
às personagens, apreciei a pequena Norah, por todo o misticismo em volta dela,
pela sua magia, a forma como conseguia tocar a vida de tantas pessoas e de
marcar a diferença, apesar da sua tenra idade. Apreciei igualmente o seu
talento, a sua maturidade e inteligência, sendo uma personagem que é muito
misteriosa e cativante, que nos prende desde o primeiro instante. Gostei
igualmente de Margaret, pois mostrou ser uma personagem bastante humana, com um
passado que a moldou, sendo uma pessoa fantástica.
Numa
narrativa algo lenta e introspectiva, onde existem saltos temporais, entre o
passado e o presente, que nos permitem conhecer o passado de Erica, Keith
Donohue apresenta-nos uma obra sobre amor, perda, perdão e recomeços.
Demonstrando que nunca é tarde para sermos felizes e para procurarmos as
pessoas que amamos.
Em suma, não posso afirmar que recomende este livro a todos, pois
acredito que poderá não preencher as medidas daqueles que não gostem de
livros introspectivos, onde existem muitas suposições, mas poucos dados
concretos, porém foi uma obra que apreciei, que aprendi a gostar um pouco mais a cada virar de página, sendo uma obra para degustar.
Avaliação: 3.5/5
(Gostei!)
Olá Rita,
ResponderEliminarSeja bem aparecida, finalmente arranjaste um tempinho para comentar as tuas leituras :D
Do escritor apenas li A Criança Roubada e gostei imenso, mas penso que em relação a este embora me pareça interessante, não deve ser ao meu genero e até tenho alguns livros para ler, logo pelo menos para já passo.
Bom comentário ;)
Bjs e boas leituras
Olá Paulo. :)
EliminarObrigada, o blogue tem andado mesmo parado, mas tentarei na próxima semana ir actualizando as opiniões que me faltam que ainda são algumas. :P
Também já ouvi falar muito bem desse livro e parece-me muito interessante. Já consta da minha lista de livros por ler, a ver vamos quando terei oportunidade de lhe pegar... Sei que gostas de livros com mais acção, mas também gostaste dos livros da Hobb que são mais introspectivos, por isso até poderia ser que gostasses deste. Se um dia o quiseres ler, já sabes que te posso emprestar o mesmo. :)
Obrigada, já não escrevia há tanto tempo opiniões que já estava enferrujada. :P Beijinhos e boas leituras
Viva,
ResponderEliminarBem por ai se calhar até era capaz de gostar, só tenho pena de não ter o livro A Criança Roubada caso contrario até te podia emprestar, se poderes lê que vale bem a pena ;)
Venham lá esses comentários e tenho a certeza que vais fazer comentários que a minha carteira fica a reclamar :D
Bjs e boas férias :D
Podia ser que tal acontecesse, por isso já sabes. :) Já tenho o livro há uns dois anos, se não me engano, na estante para ler, mas ainda não surgiu a oportunidade, Tentarei que seja num futuro relativamente próximo. :)
EliminarObrigada, a ver se consigo escrever o que tenho pendente depois do Natal. :)
Beijinhos e obrigada, espero que tenhas um Natal fantástico.