segunda-feira, 9 de março de 2015

"Contagem Decrescente" de Bruno Franco [Opinião]


Nome: “Contagem Decrescente”

Autor: Bruno Franco

Nº de Páginas: 529

Editora: Chiado Editora

Sinopse: “31 de Dezembro. Passagem de ano.
Rodrigo Tavares, um proeminente detective da Polícia Judiciária, encontra-se em Almada para assistir ao espectáculo pirotécnico quando recebe um telefonema que muda a sua vida por completo, levando-o a perceber que tinha chegado o momento que tanto temera: a concretização de uma ameaça homicida proferida pelo assassino que mais lhe custara capturar no passado.

Rodrigo tem até dia 15 de Janeiro para deter o assassino, ou as consequências serão devastadoras. E não apenas para si.

Quando o detective observa a forma excruciante e desumana como a primeira vítima fora assassinada, percebe a importância e a seriedade do que está a acontecer, e é então que começa a corrida contra o tempo.
O que começa por ser uma caça ao homem transforma-se rapidamente em algo muito maior e aterrorizador.
Ao mergulhar num mundo de trevas e muitas dúvidas, medo e desespero, Rodrigo receia o futuro como nunca antes o fizera.”

Opinião: Bruno Franco começou a escrever muito cedo, aos seus 14 anos, após terminar um livro, que incitava, no final, os jovens a escreverem livros que gostariam de publicar e apesar de já apreciar ler, só nesse momento o gosto pela escrita foi despertado. O seu primeiro volume, “O Novo Membro” foi então lançado passado 5 anos, em 2010.

“Contagem Decrescente”, a segunda obra do escritor, foi lançada em Outubro de 2014 e apresenta-nos Rodrigo Tavares, um influente detective da Polícia Judiciária, que na passagem de ano recebe um telefonema, que o levará a uma das investigações mais difíceis que já teve de realizar. Com a ameaça de ter de capturar o assassino até ao dia 15 de Janeiro ou a vida de alguém que ama será colocada em risco, Rodrigo vê-se inserido numa situação aterrorizadora e vertiginosa.

Começo por afirmar que nunca tinha lido nada do Bruno, embora já tivesse ouvido falar dele e da sua anterior obra, tendo-me sido dada oportunidade de ler este volume pelo próprio escritor, pelo que aproveito para lhe agradecer a oportunidade.

Confesso igualmente que demorei um pouco a escrever esta opinião porque a terminei com uma certa dualidade de sentimentos. Por um lado, adorei a escrita do Bruno, a forma como me conseguiu cativar e ansiar pelos futuros desenvolvimentos da obra, tendo-me cativado do princípio ao fim. Todavia, tenho igualmente de admitir que não gostei da forma como a obra terminou, uma vez que foi deixado demasiado em aberto e isto deve-se muito ao tipo de policiais que costumo apreciar. Ou seja, estou habituada a obras onde nos é dado um mistério e no fim esse tem solução. Muitas vezes acompanho séries policiais com o mesmo detective, mas com mistérios diferentes em cada livro e, neste volume em específico, eu senti que apesar de toda a adrenalina, de todo o mistério, poucas foram as revelações e isso deixou-me um pouco frustrada com a obra.

Apesar do aspecto negativo mencionado anteriormente, a obra tem inúmeros aspectos positivos, que tornaram a obra uma surpresa bastante agradável. Para começar poderia mencionar a escrita fluída e cativante, onde não se dá pelo virar das páginas. Apesar de esta obra se tratar de um segundo volume que acompanha a vida de Rodrigo Tavares, em momento algum nos sentimos perdidos, pois o autor contextualiza-nos de uma forma muito bem conseguida e parece que efectivamente se trata de um standalone. Quanto ao mistério em volta dos assassinatos e a sua ligação com poetas portugueses e com outra personalidade emblemática da história portuguesa foi outro aspecto deveras positivo, pois além de original e inesperado, tornou a obra muito interessante e marcou a diferença. E, por último, à medida que embrenhamos na obra sentimos igualmente que o escritor pensou em todos os pormenores e que existe um enorme trabalho de pesquisa por trás do mesmo, tendo criado uma história tremendamente cativante. 

Como aspectos negativos, além do final da obra, que é uma crítica tendo em conta muito os meus gostos pessoais, poderia mencionar também alguns diálogos, que me soaram um pouco forçados, aspecto que penso que poderá ser trabalhado pelo escritor.

No que concerne às personagens, Rodrigo teve um passado pautado por uma experiência trágica, que o moldou para sempre, o que associado ao término de uma relação, que pensava ser duradoura, o levou a tornar-se ainda mais isolado. Tendo em conta todo o seu passado, polvilhado com bastante tristeza, não é de forma alguma difícil para o leitor sentir uma ligação com o mesmo e de torcer para que tudo se resolva na sua vida. Quanto a Valter, o homem por detrás do mistério da obra, muito é deixado em aberto, ficando o leitor curioso não só com a sua identidade, mas essencialmente pelo que o move e porque terá escolhido Rodrigo para ser o solucionador de todos estes mistérios.

Numa escrita fluída e cativante, Bruno Franco apresenta-nos uma obra onde tudo parece ter sido pensado ao mínimo pormenor, sendo, sem dúvida, um escritor com um enorme potencial, pelo que fico curiosa com a continuação desta obra e por saber o final deste mistério.


Avaliação: 3.5/5 (Gostei!)

6 comentários:

  1. Viva,

    Deve ser das minhas próximas leituras seguramente e depois de ler o teu comentário fiquei ainda com mais vontade de ler :)

    Bjs e boas leituras

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    1. Olá amigo corvo. :)

      Fico contente por saber que o vais ler entretanto e fico curiosa por saber a tua opinião. Espero que gostes! :)

      Beijinhos e boas leituras

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  2. Obrigado Rita, pela opinião!
    Realmente, o final do "Contagem Decrescente" tem suscitado as mais diversas reacções. De certa forma, até acho bastante interessante. No teu caso, não gostaste porque ficou muita coisa em aberto. Mas,se formos a ver bem, o que ficou realmente em aberto em termos de informações, foi apenas o mistério em torno de Valter, porque o resto ficou-se a saber de tudo. Em termos de acção, aí sim já ficou mais em aberto, porque quis transportar toda a emoção e suspense para o próximo volume desta série e porque queria fazer uma final diferente do habitual num policial. Mas também digo uma coisa: foi a única vez que fiz isto. Os outros que já escrevi, o mistério do próprio livro começa e termina no mesmo. Quis ser diferente desta vez e isso pode não agradar a todos, o que é perfeitamente normal.
    Fico muito contente pelo que referiste sobre a escrita e todos os aspectos do livro que tanto trabalho me deram. É mais uma dose de motivação para continuar a melhorar, por vocês todos.
    Beijinhos e obrigado pelo apoio.
    Bruno Franco

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    1. Olá Bruno. :)

      Antes de mais gostava de te agradecer novamente a oportunidade que me deste em ler a tua obra e pela atenção dispensada.

      Acredito que o final cause opiniões diferentes porque tem muito a ver com os gostos pessoais, com o que cada um procura e eu efectivamente estou habituada a obras onde existe um mistério e que o mesmo tem solução no fim e o facto de o final ter sido deixado em aberto realmente não me agradou. Contudo, se me perguntarem se isso estragou a leitura e a qualidade da obra, não irei concordar, pois nota-se claramente um trabalho enorme por trás do mesmo e a escrita é deliciosa. E não falo, por falar, acredita. :)

      Fiquei sinceramente surpreendida pela positiva com a obra, especialmente por ter sido a minha primeira experiência a ler algo teu e conto ler mais obras tuas.

      De nada, eu é que agradeço. Beijinhos

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  3. Tenho mesmo de ler!
    Beijinhos:-)

    http://princesamae.blogspot.pt/

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    1. Olá,

      Antes de mais sê bem-vinda e obrigada pelo comentário. :)

      Fico contente por saber que contas ler esta obra e espero que seja uma surpresa agradável, como foi para mim. :)

      Beijinhos e boas leituras

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