quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Frases Mágicas (4)

Na penúltima obra que li, “Esmeralda Cor-de-Rosa”, o autor Carlos Reys faz referência a um poema de Rud Kipling, que foi considerado um dos poetas e escritores britânicos mais populares, do final do século XIX e início do século XX. O poema “Se…” ganhou o Prémio Nobel em 1907, tendo-se tornado um símbolo da juventude inglesa.

Gostei bastante da mensagem patente no poema e percebi, sem dúvida, o porquê de ter sido um marco na juventude inglesa. São inúmeros os sentimentos que nos assolam ao ler estas linhas e até, em certo ponto, revemo-nos nestas estrofes.

Partilho convosco o poema, com a fantástica tradução de Felix Bermudes.


“Se...
Se podes conservar o teu bom senso e a calma
No mundo a delirar para quem o louco és tu...
Se podes crer em ti com toda a força de alma
Quando ninguém te crê...Se vais faminto e nu,

Trilhando sem revolta um rumo solitário...
Se à torva intolerância, à negra incompreensão,
Tu podes responder subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão...

Se podes dizer bem de quem te calunia...
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor
(Mas sem a afectação de um santo que oficia
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor)...

Se podes esperar sem fatigar a esperança...
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho...
Fazer do pensamento um arco de aliança,
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho...

Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos impostores...
Se podes ver o bem oculto em todo o mal
E resignar sorrindo o amor dos teus amores...

Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega eivadas de peçonha
Com falsas intenções que tu jamais lhes deste...

Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste,
Voltares ao princípio a construir de novo...

Se puderes obrigar o coração e os músculos
A renovar um esforço há muito vacilante,
Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,
Só exista a vontade a comandar avante...

Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre...
Se vivendo entre os reis, conservas a humildade...
Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre
São iguais para ti à luz da eternidade...

Se quem conta contigo encontra mais que a conta...
Se podes empregar os sessenta segundos
Do minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraie em séculos fecundos...

Então, oh ser sublime, o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, o tempo e os espaços!...
Mas, ainda mais além, um novo sol rompeu,
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.

Pairando numa esfera acima deste plano,
Sem receares jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te, meu filho, então serás um homem!...”

4 comentários:

  1. É um poema incrível! Sugiro que o oiças no youtube a ser declamado por João Villaret. Simplesmente impressionante.

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    1. É mesmo muito especial. Toca-nos bastante e conseguimos sentir uma grande ligação com estas estrofes. Irei ouvir, obrigada pela sugestão. :)

      Boas leituras.

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  2. Respostas
    1. Obrigada Maria, por se ter lembrado de mim. :)

      Boas leituras

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