sábado, 20 de outubro de 2012

Não Digas Nada à Mamã


Nome: “Não Digas Nada à Mamã”

Autora: Toni Maguire

Nº de Páginas: 272

Editora: Edições ASA

Sinopse: Toni tinha apenas seis anos quando o seu mundo ruiu. 
Quando o pai teve a sua primeira atitude obscena, a pequena Toni arranjou coragem para contar à mãe o que tinha acontecido, certa de que esta traria a normalidade de volta à sua vida. Mas a mãe fez o impensável: disse-lhe para nunca mais falar nesse assunto. 
Não Digas Nada à Mamã é o relato verídico e tocante da pior das traições; uma história de coragem que inspirou centenas de milhares de leitores em todo o mundo.”

Opinião: « Não digas nada à mamã » foi um dos livros mais vendidos em 2007 no Reino Unido e retrata a história verídica de Toni Maguire, vítima de violação por parte de alguém que a deveria proteger acima de tudo.

Quando tinha seis anos, após ter mudado de casa para a Irlanda do Norte, de onde o pai era natural, Toni ausenta-se de casa, para explorar e se ambientar ao novo local. Com todo aquele ambiente novo, acaba por perder a noção do tempo, só se apercebendo de quão tarde é, quando ouve o seu pai chamá-la irritadamente. Ao vê-lo chegar, percebe que algo de errado se passa e é, neste dia, que se inicia o seu maior pesadelo. Quando o pai de Toni a leva a fazer um passeio ao fim-de-semana, esta menina fica contente ao pensar que as coisas voltarão ao normal, que ele somente quer passear com a filha, mas é neste fim-de-semana que ele a viola pela primeira vez. Toni que tinha contado à mãe a primeira cena obscena por parte do pai, que a tinha beijado em certa circunstância, e que a tinha advertido a nunca mais falar sobre isso, percebe que está sozinha e que não haverá escapatória para esta terrível traição por parte dos pais.

Tinha conhecimento desta obra há vários anos, inclusive estive por diversas vezes para a adquirir, mas acabava sempre por desistir de o fazer, se calhar por retratar uma história verídica ou somente por desconhecer o que a obra poderia conter. Tive possibilidade de a ler através de um empréstimo, aproveito para agradecer à proprietária.

Esta não é uma obra fácil de ler, por diversas vezes tive de interromper a leitura, pois encontramo-nos perante uma narrativa bastante revoltante e emotiva, embora tivesse curiosidade de descobrir mais sobre a história desta menina. Confesso que não me foi igualmente simples escrever esta opinião porque ao ser uma história verídica tive alguma dificuldade de exprimir o que senti ou de ser injusta nas minhas palavras.

Toni apresenta-nos a sua história desde os seus seis anos até aos seus dezasseis e durante estes anos somos confrontados com inúmeras cenas de violação, agressão e intimidação por parte do pai e de omissão por parte da mãe, que fingia que não compreender o que se passava, pois gostava de encenar aos outros que eram uma família feliz.

Ao longo destas páginas experimentei vários sentimentos. Pena por Toni, que merecia ter tido uma vida mais feliz, com alguém que realmente a amasse. Raiva por estes pais, a mãe por não defender alguém que é parte de si, por amar muito mais o marido horrível do que a sua menina. Quanto ao pai nem tenho palavras para descrever o que acho dele, é uma pessoa horrível. Senti também uma certa irritação por Toni, possivelmente injustificada porque passou por tanto e no fundo era demasiado boa e inocente. Afirmo que senti alguma irritação por esperar sempre amor da mãe, por estar sempre disposta a perdoá-la e amá-la apesar de tudo. Compreendo que a nossa mãe é sempre parte de nós, contudo ela fez-lhe tanto mal que sentia que ela deveria seguir a sua vida e arranjar um espaço seu ou juntamente com a sua avó materna, que sempre a amou.

Nesta obra somos também confrontados com o preconceito que esta menina sofreu. Quando engravida do seu pai e conta os momentos atrozes porque passou, toda a gente a culpa, virando-se contra ela, o que novamente foi revoltante. Admitir que somos vítimas é um acto de coragem e esta menina, que se sentia só e incompreendida, acaba por se sentir abandonada. Estes momentos ocorreram na década e 60, porém culparem uma menina de 14 anos de ser a causadora de inúmeras violações, que se iniciaram quando ela era uma menina é, para mim, incompreensível.

Gostaria de salientar que considero Toni uma mulher de força porque apesar de tudo o que passou, conseguiu reconstruir a sua vida e dar a volta por cima, transformando-se numa mulher de negócios de sucesso. Ao escrever esta obra conseguiu mais do que transmitir a sua história e força, mas também colocar de parte os seus fantasmas. Compreendo perfeitamente porque se tornou uma história de força para inúmeros leitores, ou não fosse a realidade de muitos anónimos.

Por fim, queria justificar o porquê de, ao contrário do que tem acontecido até então, não atribuir uma cotação a esta obra. Ao ser uma história verídica, não sabia o que cotar, a história desta mulher de força, a escrita, o modo como ultrapassou esta missiva; ou até como o fazer. Penso que é impossível cotar uma história deste tipo e com receio de ser injusta, preferi somente deixar a minha opinião.

A continuação desta história “Quando o Papá Voltar” irá ser das minhas próximas leituras.

6 comentários:

  1. Já li este livro há uns bons tempos atrás e é realmente uma história forte, chocante mesmo...Também não consigo cotar este género de livros...

    cumps

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    1. Olá Sara. :)

      É mesmo muito forte. Não sei bem o que esperava, mas foi uma surpresa todos os sentimentos que me assolaram ao longo desta leitura. Penso que nunca tinha lido uma história verídica escrita na primeira pessoa e se calhar por isso é que demorei tanto a pensar no que escrever e o que fazer quanto à cotação...

      Boas leituras. :)

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  2. Comprei este livro há cerca de 1 ano - 1 ano e meio e foi dos mais emocionantes que já li...a história é realmente cruel e com tantos sentimentos a mistura! Eu adoro histórias reais contadas na primeira pessoa, daí não hesitar em comprar! Talvez seja o meu 'lado mórbido' a falar mais alto pois sofro bastante com as histórias dos outros, já tendo passado também eu por muitas delas.
    Para quem também gosta deste género aconselho a ler!

    *Magali*

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    1. Olá Magali. :)

      É mesmo muito forte em termos de emoções. Tenho a certeza que não deixa ninguém indiferente. :) Como mencionei à Sara, foi a primeira vez que li uma história verídica contada na primeira pessoa. O máximo que já tinha experimentado era histórias que tiveram como foco uma história real. Gosto bastante do género drama, é aliás dos meus géneros preferidos, por nos fazer sentir tantas emoções, mas para ler este género de histórias é necessário ter uma certa disposição.

      Para quem gosta deste tipo de livros é, realmente, uma boa aposta.

      Boas leituras. :)

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  3. Olá!

    Ainda não li este livro mas gostava de o ler. Já cheguei a tê-lo nas mãos mas depois acabava por não o trazer. O resumo, a capa... Não sei, mas pareceu logo ser um livro "forte" e pelos vistos não me enganei...

    Beijinhos
    Lit@

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    1. Olá querida. :)

      Aconteceu-me exactamente o mesmo. Lembro-me de o ter tantas vezes nas mãos, quando ia ao Continente e de acabar sempre por desistir de o trazer, acabando por optar por outro. Não te enganaste mesmo, é um livro bastante forte e revoltante. Não é, de todo, uma obra fácil de ler...

      Beijinhos.

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