Nome: “Ilusão Perfeita”
Autora: Jodi Picoult
Nº de Páginas: 448
Editora: Livraria Civilização Editora
Sinopse: “Uma mulher acorda num cemitério ferida e a sangrar,
completamente amnésica. Não sabe quem é nem o que faz ali. É socorrida por um
polícia que acabara de chegar a Los Angeles. Alguns dias mais tarde, é apanhada
de surpresa ao ser finalmente identificada pelo marido, nada mais, nada menos
do que Alex Rivers, o famoso actor de Hollywood. Cassie fica deslumbrada pelo
conto de fadas que está a viver. Mas nem tudo parece correcto e algo obscuro e
perturbador se esconde por detrás daquela fachada de glamour. E é só quando a sua memória começa gradualmente a
regressar que a sua vida de cenário perfeito se desmorona e Cassie enfrenta a
necessidade de fazer escolhas que nunca sonhou ter de fazer.”
Opinião: Jodi Picoult, nascida em Long Island, estudou
Inglês e Escrita Criativa na Universidade de Princeton, tendo tirado o seu
mestrado em Educação na Universidade de Harvard. Enquanto ainda era estudante
publicou dois contos na revista Seventeen
e em 1992 lançou a sua primeira obra “À Procura do Amor”. Possuiu inúmeros
empregos, como correctora, copywriter
numa agência de publicação, numa editora e como professora, sendo autora de
inúmeros bestsellers. Em 2003, foi galardoada
com o New England Bookseller Award for Fiction.
“Ilusão perfeita” foi a terceira
obra lançada pela escritora, em 1995, e apresenta-nos Cassandra Barrett, que se
encontra num cemitério, ferida e sem qualquer memória de quem é ou do que fará
naquele local. Após ser socorrida por um polícia, que acaba de chegar a Los
Angels, descobre que é uma importante antropóloga e que se encontra casada com
um dos mais conhecidos actores dos Estados Unidos, Alex Rivers. Quando retoma a
casa tudo parece perfeito, proprietária de várias casas, portadora de um marido
misterioso, mas aparentemente atencioso, lindo, o ideal da maioria das mulheres
e com um trabalho de sonho. Contudo, quando as memórias começam a voltar,
percebe que afinal a sua vida não é perfeita como idealizara e que no dia em
que havia sido encontrada no cemitério, tinha sido uma vez mais agredida pelo
marido. Depois de ter descoberto que se encontrava grávida, decide depois da agressão
fugir, contudo antes de conseguir concretizar o seu objectivo, desmaia e perde
a memória. Ao recorda-se de tudo isto, decide novamente abandonar o marido, até
que o filho nasça e depois do seu nascimento, decide que voltará para junto
dele, se o mesmo prometer mudar.
Jodi Picoult é uma das minhas
escritoras preferidas, devido às suas histórias emotivas, reais, à capacidade
que tem de me fazer pensar sobre os mais variados temas e de me questionar sobre
como agiria no papel das personagens. Esta obra não foi de forma alguma
excepção, abordando o tema da violência doméstica de forma bastante real e
evidenciando que a violência doméstica não é uma realidade das classes menos
instruídas, sendo uma realidade em qualquer classe social.
A autora mostra-nos o papel do
agressor, o modo como são controladores; como tentam afastar todas as pessoas
que circundam a vítima, de modo a que a mesma não tenha, além dos agressores, com
quem possa contar. O modo como depois da agressão, se mostram arrependidos e
tentam remediar a situação. Mas também aborda bastante bem o papel da vítima, o
modo como as mesmas perdoam sempre porque ou consideram que a culpa é delas,
por terem dado azos a discussões e consequentes agressões ou, como no caso de
Alex, que tiveram infâncias problemáticas, onde a violência era uma realidade,
e que em adultos se tornaram igualmente agressores, o que para as vítimas
desculpa, em certa medida, as suas acções.
Confesso que este é daqueles
temas que me são sensíveis. Considero que nenhum homem ou mulher tem direito de
subjugar outra pessoa e a fazê-la passar por este género de provações. Alguém
que utiliza o uso da força para se sentir superior sobre o seu companheiro ou
por ter tido um dia mau, não pode, a meu ver, amar realmente essa pessoa.
Quanto à vítima, tenho de admitir que sempre me questionei o que as levaria a
perdoar sempre e a arranjar desculpas para as agressões. Tenho ideias bastante
bem definidas sobre este tema, sempre defendi que se fosse comigo nunca
toleraria algo deste género, que a partir do momento em que me fizessem algo
semelhante nunca perdoaria, contudo a autora faz-nos perceber as razões da
vítima e os seus questionamentos constantes. Não posso afirmar que concorde,
mas percebi o que motivou a Cassie sempre a lutar por aquele homem e a perdoar
as inúmeras agressões. Sendo este facto que tanto me fascina na autora, pois
consegue colocar-me quase no papel da personagem e leva-me, em certa medida, a questionar sobre os
meus ideais, que até então considerava tão enraizados.
Além deste tema sensível, que
tantos sentimentos nos transmite, também somos confrontados com uma comunidade
de índios Sioux, onde compreendemos as condições em que vivem e o modo como se
centram nas relações, nas poucas coisas que têm, dando valor a estas pequenas
coisas. Foi nesta comunidade que Cassie se refugiou para fugir ao marido, com a
ajuda do polícia que a encontrou no cemitério, e tornou a obra ainda mais
interessante, até porque mostra que para sermos felizes, não são necessárias
grandes coisas. Demonstrando também o que afirmei anteriormente, que as
agressões não têm a ver com classes sociais, pois Cassie vai viver com os avós
do polícia, que depois de tantos anos ainda se amam e respeitam como no primeiro
dia.
Numa escrita fluída, emotiva e
verdadeira, Jodi Picoult apresenta-nos, desta forma, o tema sensível que é a
violência doméstica, o papel da vítima e do agressor. Salientando que as
amizades são o nosso alicerce, quando tudo parece desmoronar-se e que nunca nos
devemos acomodar, nem pensar que merecemos menos do que a felicidade plena.
Em suma, "Ilusão Perfeita", embora não seja das minhas obras preferidas da autora, deu-me bastante prazer de desfolhar e voltou a trazer-me os vários ingredientes que tanto me fascinam nas suas obras.
Avaliação: 3.5/5 (Gostei!)
Olá Rita,
ResponderEliminargostei da tua opinião acerca deste livro. Já li alguns desta autora, Tudo por Amor e Décimo Círculo, e gostei muito de ambos. A autora costuma focar assuntos muito interessantes. Gosto da sua escrita e das capas dos livros, muito bem escolhidas!
Beijinhos e boas leituras**
Olá Carolina,
EliminarObrigada. :) Gostei bastante do "Tudo por amor, mas confesso que o "Décimo Círculo" é dos livros que menos gostei dela. Concordo contigo, a autora aborda sempre temas polêmicos e sensíveis, que nos colocam a pensar. Quanto à escrita também a considero bastante envolvente. :)
Beijinhos e boas leituras.
Ois Rita,
ResponderEliminarSendo das tuas escritoras favoritas, já me tinhas dito, tens que escolher um que gostaste mais e depois combinamos, mas antes ainda tenho que ler uns poucos que me emprestarm, mas fica debaixo de olho esta escritora ;)
Bjs
Olá Paulo,
EliminarFica combinado, quando quiseres que te empreste, levo um dos que mais gostei da autora. Tenho uma coisa que irás gostar. :)
Beijinhos e boas leituras.
Olá,
EliminarSempre a deixar o corvo curioso não tens emenda :D
Bjs
Lol. É para isso que cá estou. :P Estou a pensar em emprestar-te "Dezanove minutos" que retracta um menino que entra numa escola armado. O tema é bastante actual e polêmico e mostra as qualidades da autora na perfeição. Por isso é que acho que vais gostar. :D
EliminarBeijinhos
Olá Rita,
ResponderEliminargosto muito de Picoult porque ela não tem medo de abordar temas difíceis e polémicos.
Bjinho*
Olá Jojo,
EliminarTambém me fascina a forma como ela aborda de modo tão bem conseguido temas tão fortes e polêmicos. Sei que sou suspeita, mas acho que o faz como ninguém. :)
Beijinhos*