quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Ilusão Perfeita



Nome: “Ilusão Perfeita”

Autora: Jodi Picoult

Nº de Páginas: 448

Editora: Livraria Civilização Editora

Sinopse: “Uma mulher acorda num cemitério ferida e a sangrar, completamente amnésica. Não sabe quem é nem o que faz ali. É socorrida por um polícia que acabara de chegar a Los Angeles. Alguns dias mais tarde, é apanhada de surpresa ao ser finalmente identificada pelo marido, nada mais, nada menos do que Alex Rivers, o famoso actor de Hollywood. Cassie fica deslumbrada pelo conto de fadas que está a viver. Mas nem tudo parece correcto e algo obscuro e perturbador se esconde por detrás daquela fachada de glamour. E é só quando a sua memória começa gradualmente a regressar que a sua vida de cenário perfeito se desmorona e Cassie enfrenta a necessidade de fazer escolhas que nunca sonhou ter de fazer.”

Opinião: Jodi Picoult, nascida em Long Island, estudou Inglês e Escrita Criativa na Universidade de Princeton, tendo tirado o seu mestrado em Educação na Universidade de Harvard. Enquanto ainda era estudante publicou dois contos na revista Seventeen e em 1992 lançou a sua primeira obra “À Procura do Amor”. Possuiu inúmeros empregos, como correctora, copywriter numa agência de publicação, numa editora e como professora, sendo autora de inúmeros bestsellers. Em 2003, foi galardoada com o New England Bookseller Award for Fiction.

“Ilusão perfeita” foi a terceira obra lançada pela escritora, em 1995, e apresenta-nos Cassandra Barrett, que se encontra num cemitério, ferida e sem qualquer memória de quem é ou do que fará naquele local. Após ser socorrida por um polícia, que acaba de chegar a Los Angels, descobre que é uma importante antropóloga e que se encontra casada com um dos mais conhecidos actores dos Estados Unidos, Alex Rivers. Quando retoma a casa tudo parece perfeito, proprietária de várias casas, portadora de um marido misterioso, mas aparentemente atencioso, lindo, o ideal da maioria das mulheres e com um trabalho de sonho. Contudo, quando as memórias começam a voltar, percebe que afinal a sua vida não é perfeita como idealizara e que no dia em que havia sido encontrada no cemitério, tinha sido uma vez mais agredida pelo marido. Depois de ter descoberto que se encontrava grávida, decide depois da agressão fugir, contudo antes de conseguir concretizar o seu objectivo, desmaia e perde a memória. Ao recorda-se de tudo isto, decide novamente abandonar o marido, até que o filho nasça e depois do seu nascimento, decide que voltará para junto dele, se o mesmo prometer mudar.

Jodi Picoult é uma das minhas escritoras preferidas, devido às suas histórias emotivas, reais, à capacidade que tem de me fazer pensar sobre os mais variados temas e de me questionar sobre como agiria no papel das personagens. Esta obra não foi de forma alguma excepção, abordando o tema da violência doméstica de forma bastante real e evidenciando que a violência doméstica não é uma realidade das classes menos instruídas, sendo uma realidade em qualquer classe social.

A autora mostra-nos o papel do agressor, o modo como são controladores; como tentam afastar todas as pessoas que circundam a vítima, de modo a que a mesma não tenha, além dos agressores, com quem possa contar. O modo como depois da agressão, se mostram arrependidos e tentam remediar a situação. Mas também aborda bastante bem o papel da vítima, o modo como as mesmas perdoam sempre porque ou consideram que a culpa é delas, por terem dado azos a discussões e consequentes agressões ou, como no caso de Alex, que tiveram infâncias problemáticas, onde a violência era uma realidade, e que em adultos se tornaram igualmente agressores, o que para as vítimas desculpa, em certa medida, as suas acções.

Confesso que este é daqueles temas que me são sensíveis. Considero que nenhum homem ou mulher tem direito de subjugar outra pessoa e a fazê-la passar por este género de provações. Alguém que utiliza o uso da força para se sentir superior sobre o seu companheiro ou por ter tido um dia mau, não pode, a meu ver, amar realmente essa pessoa. Quanto à vítima, tenho de admitir que sempre me questionei o que as levaria a perdoar sempre e a arranjar desculpas para as agressões. Tenho ideias bastante bem definidas sobre este tema, sempre defendi que se fosse comigo nunca toleraria algo deste género, que a partir do momento em que me fizessem algo semelhante  nunca perdoaria, contudo a autora faz-nos perceber as razões da vítima e os seus questionamentos constantes. Não posso afirmar que concorde, mas percebi o que motivou a Cassie sempre a lutar por aquele homem e a perdoar as inúmeras agressões. Sendo este facto que tanto me fascina na autora, pois consegue colocar-me quase no papel da personagem e leva-me, em certa medida, a questionar sobre os meus ideais, que até então considerava tão enraizados.

Além deste tema sensível, que tantos sentimentos nos transmite, também somos confrontados com uma comunidade de índios Sioux, onde compreendemos as condições em que vivem e o modo como se centram nas relações, nas poucas coisas que têm, dando valor a estas pequenas coisas. Foi nesta comunidade que Cassie se refugiou para fugir ao marido, com a ajuda do polícia que a encontrou no cemitério, e tornou a obra ainda mais interessante, até porque mostra que para sermos felizes, não são necessárias grandes coisas. Demonstrando também o que afirmei anteriormente, que as agressões não têm a ver com classes sociais, pois Cassie vai viver com os avós do polícia, que depois de tantos anos ainda se amam e respeitam como no primeiro dia.

Numa escrita fluída, emotiva e verdadeira, Jodi Picoult apresenta-nos, desta forma, o tema sensível que é a violência doméstica, o papel da vítima e do agressor. Salientando que as amizades são o nosso alicerce, quando tudo parece desmoronar-se e que nunca nos devemos acomodar, nem pensar que merecemos menos do que a felicidade plena.

Em suma, "Ilusão Perfeita", embora não seja das minhas obras preferidas da autora, deu-me bastante prazer de desfolhar e voltou a trazer-me os vários ingredientes que tanto me fascinam nas suas obras.

Avaliação: 3.5/5 (Gostei!)

8 comentários:

  1. Olá Rita,
    gostei da tua opinião acerca deste livro. Já li alguns desta autora, Tudo por Amor e Décimo Círculo, e gostei muito de ambos. A autora costuma focar assuntos muito interessantes. Gosto da sua escrita e das capas dos livros, muito bem escolhidas!
    Beijinhos e boas leituras**

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    1. Olá Carolina,

      Obrigada. :) Gostei bastante do "Tudo por amor, mas confesso que o "Décimo Círculo" é dos livros que menos gostei dela. Concordo contigo, a autora aborda sempre temas polêmicos e sensíveis, que nos colocam a pensar. Quanto à escrita também a considero bastante envolvente. :)

      Beijinhos e boas leituras.

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  2. Ois Rita,

    Sendo das tuas escritoras favoritas, já me tinhas dito, tens que escolher um que gostaste mais e depois combinamos, mas antes ainda tenho que ler uns poucos que me emprestarm, mas fica debaixo de olho esta escritora ;)

    Bjs

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    1. Olá Paulo,

      Fica combinado, quando quiseres que te empreste, levo um dos que mais gostei da autora. Tenho uma coisa que irás gostar. :)

      Beijinhos e boas leituras.

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    2. Olá,

      Sempre a deixar o corvo curioso não tens emenda :D

      Bjs

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    3. Lol. É para isso que cá estou. :P Estou a pensar em emprestar-te "Dezanove minutos" que retracta um menino que entra numa escola armado. O tema é bastante actual e polêmico e mostra as qualidades da autora na perfeição. Por isso é que acho que vais gostar. :D

      Beijinhos

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  3. Olá Rita,
    gosto muito de Picoult porque ela não tem medo de abordar temas difíceis e polémicos.

    Bjinho*

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    1. Olá Jojo,

      Também me fascina a forma como ela aborda de modo tão bem conseguido temas tão fortes e polêmicos. Sei que sou suspeita, mas acho que o faz como ninguém. :)

      Beijinhos*

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