Nome: “O Teu Rosto Será o Último”
Autor: João Ricardo Pedro
Nº de Páginas: 208
Editora: Leya
Sinopse: “Tudo começa com um homem saindo de casa, armado, numa
madrugada fria. Mas do que o move só saberemos quase no fim, por uma carta
escrita de outro continente. Ou talvez nem aí. Parece, afinal, mais importante
a história do doutor Augusto Mendes, o médico que o tratou quarenta anos antes,
quando lho levaram ao consultório muito ferido. Ou do seu filho António, que
fez duas comissões em África e conheceu a madrinha de guerra numa livraria. Ou
mesmo do neto, Duarte, que um dia andou de bicicleta todo nu.
Através de episódios aparentemente autónomos - e tendo como ponto de partida a Revolução de 1974 -, este romance constrói a história de uma família marcada pelos longos anos de ditadura, pela repressão política, pela guerra colonial.
Duarte, cuja infância se desenrola já sob os auspícios de Abril, cresce envolto nessas memórias alheias - muitas vezes traumáticas, muitas vezes obscuras - que formam uma espécie de trama onde um qualquer segredo se esconde. Dotado de enorme talento, pianista precoce e prodigioso, afigura-se como o elemento capaz de suscitar todas as esperanças. Mas terá a sua arte essa capacidade redentora, ou revelar-se-á, ela própria, lugar propício a novos e inesperados conflitos?”
Através de episódios aparentemente autónomos - e tendo como ponto de partida a Revolução de 1974 -, este romance constrói a história de uma família marcada pelos longos anos de ditadura, pela repressão política, pela guerra colonial.
Duarte, cuja infância se desenrola já sob os auspícios de Abril, cresce envolto nessas memórias alheias - muitas vezes traumáticas, muitas vezes obscuras - que formam uma espécie de trama onde um qualquer segredo se esconde. Dotado de enorme talento, pianista precoce e prodigioso, afigura-se como o elemento capaz de suscitar todas as esperanças. Mas terá a sua arte essa capacidade redentora, ou revelar-se-á, ela própria, lugar propício a novos e inesperados conflitos?”
Opinião: João Ricardo Pedro nasceu em 1973, na Amadora, e
licenciou-se em Engenharia Electrónica pelo Instituto Superior Técnico.
Trabalhou durante mais de dez anos em telecomunicações e foi na Primavera de
2009 que começou a escrever. “O Teu Rosto Será o Último” é o seu romance de
estreia, que venceu o Prémio LeYa 2011.
Nesta obra somos apresentados a três gerações distintas, desde a Revolução de 25 de Abril de 74 até à
actualidade, onde acompanhamos diversos saltos temporais, que, embora não se
encontrando sinalizados, não confundem o leitor. Conhecemos o doutor Augusto
Mendes, um médico conceituado, o seu filho António que teve por duas vezes na
Guerra em África e o seu neto Duarte que temos a possibilidade de o conhecer
desde pequeno, sendo portador de um enorme talento.
Desde que tomei conhecimento
desta obra que senti curiosidade em folheá-la, não só por ter vencido um Prémio
LeYa, mas também pelo título e sinopse cativantes. Contudo, confesso que
terminei esta leitura com um misto de sentimentos. Por um lado, houve aspectos
que me cativaram bastante, a forma fantástica como eram descritas as relações
entre as pessoas, os elementos históricos, a escrita singular e cativante do
escritor, capaz de nos embrenhar na trama e de nos fazer ansiar por mais
revelações desta família. Contudo, também houve vários aspectos negativos, tais
como a utilização excessiva de impropérios, que na minha opinião não eram
necessários. Concordo que poderá tornar a obra mais real e espontânea, todavia
penso que foi utilizado exageradamente este tipo de linguagem. Outro aspecto
que não me agradou particularmente foram as descrições pormenorizadas de actos
quotidianos, como por exemplo uma descrição exaustiva de uma ida às compras,
que era desnecessária. Também houve vários actos desunamos e de violência que
nada de novo trouxeram à trama e que o leitor não consegue compreender a sua
pertinência e, por último, houve várias pontas soltas na obra, em que vários
elementos não são devidamente explicados ao leitor e que, no fim, sentimos que
foram mais as coisas que ficámos por saber do que aquelas que efectivamente
descobrimos.
No que se refere às personagens,
foi fácil compreender e sentirmo-nos ligados a esta família. Penso que um dos
aspectos mais fortes do escritor centra-se na forma como consegue criar
personagens bastante humanas, que sentimos que poderiam ter existido, tal como
criar as suas histórias de vida de forma bastante fidedigna. É evidente que o
escritor pesquisou bastante sobre esta altura da história e tal facto associado
às personagens bastante humanas levaram a que acabasse por apreciar a obra,
apesar dos aspectos negativos que mencionei anteriormente.
Numa escrita singular, com uma
linguagem muito própria, João Ricardo Pedro apresenta-nos, deste modo, uma família em três
gerações, mostrando-nos a sua vida, os seus receios e sonhos, polvilhada com alguns elementos históricos, que nos transportam para a altura descrita.
Em suma, “O Teu Rosto Será o
Último” foi uma obra que me agradou, embora tivesse vários aspectos que não me
prenderam. Penso que embrenhei nesta leitura com algumas expectativas, o que me
levou a esperar algo diferente, contudo penso que não deixa de ser uma boa
obra, que consegue, em certa medida, descrever o povo português e as suas
vivências.
Avaliação: 3/5 (Gostei!)
Sem comentários:
Enviar um comentário