quarta-feira, 7 de março de 2012

O Monte dos Vendavais


Nome: "O Monte dos Vendavais"

Autora: Emily Brontë

Nº de Páginas: 320

Editora: Book.it

Sinopse: "A recepção de O Monte dos Vendavais, publicado pela primeira vez em 1847, não foi efusiva. No início, a crítica literária inglesa achou-o estranho, confuso, improvável, ambíguo, excessivamente apaixonado e violento. Não obstante, a história da família Earnshaw e a tumultuosa paixão de Heathcliff e Catherine transformou-se num sucesso. Tudo começa com a viagem de Mr. Earnshaw a Liverpool e a adopção do menino Heathcliff, logo desprezado por Hindley e Catherine, os filhos biológicos de Mr. Earnshaw. O tempo vai passando, Catherine e Heathcliff tornam-se amigos e apaixonam-se, mas Hindley, magoado pelo afecto do pai pelo órfão, continua a ostracizá-lo. Após a morte de Mr. Earnshaw, Hindley assume o lugar de chefe de família e Catherine, numa tentativa de ascender socialmente, casa-se com o jovem mimado Edgar Linton. Rejeitado, Heathcliff vê-se obri-gado a abandonar o Monte dos Vendavais, regressando anos depois, rico e disposto a levar a cabo uma tenebrosa vingança"

Opinião: “O Monte dos Vendavais” é a primeira e única obra escrita pelas mãos por Emily Brontë. Após ter tido o prazer de ler “Jane Eyre” da sua irmã Charlotte e ter gostado bastante, a expectativa para este livro era grande, ainda para mais com as opiniões fantásticas que tinha acompanhado antes de iniciar a sua leitura. Foi graças a uma leitura conjunta no grupo Diz-me o que lês, dir-te-ei quem és, do Goodreads, que tive a oportunidade e o empurrão necessário para o fazer.

A história inicia-se em 1801 num encontro entre Lockwood e o seu senhorio, Mr. Heathcliff, que ao conhecê-lo constata que é reservado, autoritário, sendo até em certa medida frio e agressivo. Tal facto suscita-lhe interesse e leva-o a tentar averiguar a sua vida, pois fascina-o conhecer alguém mais reservado que ele próprio, algo que lhe parecia até então impossível.

Numa das visitas que faz ao seu senhorio uma tempestade assola aquela região, detendo-o na mansão. Zillah, empregada da casa no Monte dos Vendavais, encaminha-o para um quarto, no qual o patrão não deixa ninguém se alojar e é aí que descobre vários volumes com notas, remetentes a um diário de Catherine, alguém que participou na infância de Heathcliff. Já em sua casa, curioso por saber o passado do seu senhorio questiona a sua empregada, Mrs. Dean, sobre o que sabe do mesmo e aí se inicia a narração da vida destas estranhas personagens.

Este clássico é mais do que uma história de amor entre Heathcliff e Catherine, é também uma história de ódio, loucura e ambição.

No princípio desta leitura senti-me bastante apegada à narrativa. A escrita e as personagens misteriosas incutiam-nos vontade de descobrir mais sobre o seu passado e convicções, contudo com o avançar da trama senti uma certa saturação na história, onde não havia grandes desenvolvimentos e onde me apanhei, por diversas vezes, a pensar que não se passava do mesmo ponto.

Foi interessante poder presenciar o desenvolvimento da personalidade de Heathcliff. Inicialmente quando o conheci, através de Lockwood, não simpatizei muito com ele, muito pela sua frieza e agressividade. Contudo quando conhecemos a sua infância fiquei um pouco sem saber o que considerar do mesmo. Teve uma infância triste, foi encontrado e adoptado pelo pai de Catherine e Hindley, o que não foi simples para ele. O pai de ambos considerava-o uma criança de ouro, pois ao contrário dos filhos tinha um comportamento exemplar, o que provocava ciúmes e agressividade em Hindley e que a mãe de ambos também não simpatizasse muito com ele. Torna-se amigo inseparável de Catherine, até ao momento em que o pai desta falece e Hindley volta para a mansão, tratando Heathcliff como um criado e agredindo-o ao mais pequeno erro. Quando se vê separado da amiga que tanto adora e de ter sofrido tanto, cria uma grande animosidade por Hindley e jura vingança. A partir daqui conhecemos uma pessoa fria e que não vê a meios para atingir fins, muito semelhante à pessoa que Lockwood conhece. Com o desenrolar da narrativa temos ainda mais a percepção da pessoa ruim e sem escrúpulos que ele se torna.

Quanto a Catherine era alguém que, quando criança e se dava com Heathcliff, considerava interessante, mas depois de se ter começado a dar com os filhos dos vizinhos, se tornou um pouco superficial e até egoísta. Acabando por ser igualmente mesquinha.

As personagens que me suscitaram mais interesse, apesar de tudo, foram a Nelly, a narradora da história destas estranhas pessoas, pois parecia-me muito boa pessoa e, apesar de tudo e dos seus defeitos, que todos temos, ninguém é perfeito, a Cathy.

Os aspectos negativos que encontro neste volume são vários. Considero que a narrativa se torna algo repetitiva, sentindo-se alguma saturação. Além disso não consegui sentir-me muito ligada às personagens, pois enquanto no princípio havia um certo fascínio por descobrir mais das suas vidas, para o fim ele esmorece. E, por fim, várias personagens com nomes idênticos, onde somente varia o apelido, que me confundiram durante algum tempo, ao tentar discernir quem era quem.

A escrita penso ser acessível e viciante, pois leva-nos a ler a obra numa assentada. Sem grandes floreados, num ambiente algo mórbido e até deprimente, onde a loucura e a ambição são as palavras de ordem, Emily destaca-se pelas suas descrições e pela transmissão do ambiente que circunscreve as personagens.


Avaliação: 3/5 (Gostei!)

12 comentários:

  1. O que gostei mais neste livro é que os personagens principais são absolutamente danificados, quando podiam ter evoluído de outra maneira. No fim de contas, a Cathy e o Heathcliff são os culpados por não terem o seu final feliz. Parece estranho, mas é refrescante ver personagens a lixar tudo e terem as coisas a correr-lhes mal. xD

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    1. Tinham tudo para serem felizes juntos e, possivelmente se o tivessem feito, a forma como encaravam o mundo seria distinta. Estava nas suas mãos abarcarem rumo à felicidade, mas acabaram por desperdiçá-la. Nem sei bem porque não gostei assim tanto, se calhar porque parecia que estava toda a gente doida e que as coisas não saiam do mesmo ponto. :P Contudo sei que muitas pessoas adoram o livro, penso que depende de pessoa para pessoa e da altura em que se lhe pega. :)

      Beijinhos

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  2. Ois,

    Não li e não devo faze-lo depois de ler a tua critica LOL.

    Só se tiver nota acima dos 3, começas cada vez mais a ser uma referência para as minhas leituras, depois do excelente A Pequena Abelha, agora é arranjar tempo para A Doçura da Chuva ;)

    BJ

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    1. Olá Paulo!

      Como a Sara ressalva este livro tem óptimas críticas, depende de cada um. Eu não gostei assim tanto, mas é para muitos um dos seus livros preferidos. Se um dia quiseres ler, para experimentar, eu posso emprestar, até porque podes acabar por gostar. :)

      Obrigada, fico contente por não te levar em erro. :P O da Abelhinha tinha uma coisa que irias gostar, é um livro bastante tocante...

      Beijinhos

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  3. Tenho de confessar: é um dos meus livros favoritos! Também gostei de Jane eyre, mas pessoalmente gostei mais deste, pelo ambiente gótico (muitissimo bem descrito) e pela força dos sentimentos e das personagens. O mais curioso é que a autora morreu muito nova sem ter casado...não faço ideia como arranjou forma de descrever a loucura e o amor obessivo de forma tão brilhante. Mas lá está é um livro daqueles que se gosta ou odeia...há autores assim, que não dão espaço para o meio termo.

    cumps :)

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    1. Também considero que o ambiente e as personagens estão bem construídos, penso que é um dos pontos mais fortes da autora, só que infelizmente não me consegui sentir muito apegada às personagens. :s Quanto à autora também pesquisei sobre ela, sei que morreu com 30 anos e também me surpreendeu a forma como ela descrevia as relações das pessoas, pois pelo que percebi ela raramente se envolvia com outros para além da sua família... Penso que tens razão, depende de cada um e da forma como se vê a história e a sua mensagem.

      Beijinhos. :)

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  4. A blogosfera e o Goodreads finalmente convenceram-me a ler este livro. Ainda estou no início mas acho que promete!

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    1. Pessoalmente esperava mais mas, é como a Sara menciona, depende de cada um e da forma como encaramos a história. Espero que gostes, estarei atenta à tua opinião. :)

      Beijinhos*

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  5. Olá Rita,
    este livro é realmente uma maravilha. Ao inicio fiquei um pouco surpresa, porque nunca tinha lido nada do género. No entanto, depois adorei e com a continuação da história fiquei presa ao livro.
    Beijinhos

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    1. Olá Carolina, sê bem-vinda. :)

      Acredito que sim. A primeira vez que li algo das Brontë, senti essa surpresa porque realmente são obras bastante distintas daquelas que estou habituada a ler, com um ambiente um tanto mórbido.

      Beijinhos*

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  6. Olá Rita,
    Este livro maravilhou-me desde a primeira página. Senti-me completamente ligada à personagem do Heathcliff e, muito rapidamente, acabei por me absorver na história: é surreal o que os livros nos podem transmitir!!!

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    1. Olá. :)

      Heathcliff é um personagem misterioso, que desde o início nos deiXA curiosos por saber mais a seu respeito. Concordo plenamente quando afirma que os livros nos podem prender e transmitir-nos mil e uma lições e sentimentos. :)

      Obrigada pela visita. Boas leituras.

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