sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Nómada


Nome: “Nómada”

Autora: Stephenie Meyer

Nº de Páginas: 826

Editora: Edições Gailivro

Sinopse: “Melanie Stryder recusa-se a desaparecer.
O nosso Mundo foi invadido por um inimigo invisível. Os Humanos estão a ser transformados em hospedeiros destes invasores, com as suas mentes expurgadas, enquanto o corpo permanece igual.
Quando Melanie, um dos poucos Humanos "indomáveis", é capturada, ela tem a certeza de que chegou o fim. Nómada, a Alma invasora a quem o corpo de Melanie é entregue, foi avisada sobre o desafio de viver no interior de um humano: emoções avassaladoras, recordações demasiado presentes. Mas existe uma dificuldade com que Nómada não conta: o anterior dono do corpo combate a posse da sua mente.
Nómada esquadrinha os pensamentos de Melanie, na esperança de descobrir o paradeiro da resistência humana. Melanie inunda-lhe a mente com visões do homem por quem está apaixonada – Jared, um sobrevivente humano que vive na clandestinidade. Incapaz de se libertar dos desejos do seu corpo, Nómada começa a sentir-se atraída pelo homem que tem por missão delatar. No momento em que um inimigo comum transforma Nómada e Melanie em aliadas involuntárias, as duas lançam-se numa busca perigosa e desconhecida do homem que amam.”

***Pode conter Spoilers***

Opinião: Stephenie Meyer, natural de Connecticut, vive desde os quatro anos em Phoenix. Licenciada em Literatura Inglesa pela Brigham Young University, Meyer tornou-se famosa após a publicação da sua primeira obra “Crepúsculo”, sendo considerada pela Publishers Weekly como uma das mais promissoras novas escritoras de 2005. Esta obra foi um enorme sucesso, tendo conseguido várias distinções como A New York Times Editor’s Choice; A Publishers Weekly Best Book of the Year, Amazon “Best Book of the Decade… So Far”; tendo sido Stephenie classificada como a 49ª pessoa mais influente de 2008. A série Luz e Escuridão vendeu cerca de 120 milhões de cópias por todo o mundo, tendo sido traduzida em 37 línguas, para 50 países.

“Nómada” foi lançado inicialmente em 2008, constou 36 semanas consecutivas na lista de bestsellers do Los Angeles Times e contou com adaptação cinematográfica em Março do presente ano, que foi encarada negativamente pelos críticos do cinema. Neste volume, o mundo foi invadido por estranhas criaturas, denominadas de Almas, que se apoderaram do corpo dos humanos, permanecendo no lugar dos mesmos. Quando Melanie Stryder é capturada e é colocada uma Alma invasora no seu corpo, Melanie resiste em partir, o que levará a que Nómada, a Alma invasora, além de ter de aprender a gerir as emoções, os actos humanos, ainda terá de aprender a gerir aquela pessoa que lhe dificulta o pensamento e a acção. Inicialmente Nómada tem como objectivo descobrir o paradeiro de mais humanos resistentes, contudo à medida que Melanie a assalta com imagens de Jared, o homem que ama, e do seu irmão, também Nómada se apaixona por ambos, acabando por partir à sua descoberta. Serão elas capazes de descobri-los? E em caso afirmativo, será que serão bem recebidas, tendo em conta que Melanie agora é simplesmente, pensarão os sobreviventes, a hospedeira de um invasor sem escrúpulos e não a rapariga que amavam?

Foi graças ao sucesso da saga Luz e Escuridão que comecei a ler por prazer. Quando vi o primeiro filme e descobri que se tratava de uma adaptação cinematográfica decidi experimentar o primeiro volume, que li numa assentada e rapidamente os restantes volumes também foram lidos. Na altura lembro-me que gostei muito da saga ou não tivesse sido a impulsionadora de um dos meus actuais passatempos preferidos, contudo quando, após ter lido várias obras, tentei reler a saga, não fui capaz de passar do segundo volume. Com este pensamento em mente, foi com um misto de receio e expectativa que iniciei este volume, que me parecia original, cativante e tinha alguma curiosidade de ler algo da escritora num registo diferente.

Considerei o tema muito interessante e cativante, onde foi um prazer poder descobrir mais sobre o mundo alienígena idealizado pela escritora. Gostei muito das particularidades deste mundo, a forma como se apoderavam dos humanos; a forma como interagiam entre si; o seu modo de gerir as suas necessidades, em que nada era comprado ou vendido, onde todos trabalhavam para o bem-estar do colectivo. Apreciei igualmente os mundos idealizados, existindo diversos planetas por onde estas almas já passaram, encontrando animais deveras diversificados, que nos apresentam fantásticas aventuras.

Contudo, continua a ser visível, neste volume, alguns aspectos que não apreciei muito na saga anteriormente mencionada. Penso que a autora desenvolve algumas cenas excessivamente, que se arrastam por um grande número de páginas, enquanto outras acções parecem ser tomadas demasiado repentinamente, o que torna a leitura, por vezes, um pouco frustrante.

Outro aspecto que não apreciei na obra foi o facto de praticamente não existirem grandes momentos de acção e suspense. Tendo em conta o tema, seria de se esperar que houvesse um maior perigo, que os acontecimentos fossem mais atribulados e não tão simples, quanto sucedeu. Penso que um dos pontos mais negativos da escritora, se centra mesmo neste aspecto, em que quando parece que irá acontecer algo que nos prenderá à narrativa, que nos fará suster a respiração e ansiar para que tudo corra pelo melhor, a autora acaba por terminar abruptamente a acção, ficando o leitor com a sensação que o perigo nunca foi real. Nesta obra em específico, tendo em conta que os alienígenas são uma espécie tão receada, que colocaram em causa gravemente a sustentabilidade da raça humana, parece-nos estranho que não hajam grandes momentos de tensão e adrenalina. É compreensível que quando a Nómada entra na vida dos sobreviventes da invasão que tudo se torne mais simples, pois sendo ela uma das almas invasoras tem acesso garantido a tudo, mais ainda assim fiquei desapontada por não haver realmente momentos de acção e suspense.

Relativamente às personagens, Nómada é uma personagem de quem facilmente se gosta, devido aos conhecimentos que possui e que nos maravilham; pela sua forma de ser, pelo seu altruísmo, dedicação e força, contudo também é um pouco inconstante quanto aquilo que pensa e sente. Inicialmente compreendia que ela se sentisse dividida, pois não saberia bem que sentimentos eram realmente seus e que sentimentos seriam da Melanie. Todavia, à medida que a narrativa evolui deixa de se compreender tanta indecisão, pois num momento não sabe bem o que quer, para passado duas ou três páginas já saber bem aquilo que deseja, o que se tornou um pouco exasperante. Tal aspecto, leva-nos a outra falha na obra, o modo como certos aspectos, comportamentos e decisões parecem ser tomados, pela nossa personagem principal, de modo impulsivo. Sendo a obra narrada na primeira pessoa e havendo tantos debates internos, esperava-se que não parecessem decisões tão abruptas.

Quanto às restantes personagens, considerei-as interessantes e cativantes, especialmente o tio de Melanie e o seu irmão. O tio de Melanie parecia inicialmente uma pessoa muito estranha, ausente e com atitudes que, por vezes, não se compreendiam plenamente, contudo mostrou ser um homem muito inteligente, perseverante, com uma força e dedicação aos que o rodeavam enorme. Apreciei-o especialmente porque olhava para o que o rodeava com um olho crítico, observando realmente o que tinha à sua frente, e não o que parecia aparentemente existir, se é que me faço entender. No que se refere ao irmão de Melanie gostei muito dele porque era uma autêntica ternura, daqueles rapazes que tentam mostrar quão crescidos e responsáveis são, mas que ainda desejam ao máximo a protecção, o consolo e a palavra amiga de quem mais gostam. Quanto ao Jared, confesso que no princípio não gostei muito dele devido a algumas atitudes que teve, embora parte de mim compreenda a reacção dele, enervou-me um pouco a forma como tratou Nómada no início e como de um momento para o outro pareceu aceitá-la, mas ao mesmo tempo rejeitando-a de certa forma.

Numa escrita fluída e cativante, Stephenie Meyer apresenta-nos um mundo original e cativante, contendo personagens interessantes, numa narrativa onde o amor, a amizade e a luta pela sobrevivência são uma realidade. Embora tivessem existido vários aspectos que não me prenderam à narrativa, apreciei a obra e li-a numa assentada, em dois ou três dias, pois encontrava-me cativada e com imensa curiosidade de saber mais sobre este mundo. Fico curiosa com a adaptação cinematográfica, apesar das críticas negativas, e com a possibilidade de futuros volumes, que caso venham realmente a existir espero que evoluam nos aspectos que mencionei anteriormente.


Avaliação: 3/5 (Gostei!)

4 comentários:

  1. Já estou a ler este livro desde Agosto, ando mesmo lenta lentinha. Até agora só li 300 páginas (já tendo visto anteiormente o filme, por isso é que já li a tua opinião sem receio dos possíveis spoilers) e estou a gostar bastante. Tenho cá para mim que não vai ser uma leitura que me tirará do sério - já quase a meio do livro, acho que uma pessoa se apercebe dessas coisas - mas está a ser agradável e interessante como dizes.
    Já és a segunda pessoa que me diz que leu este livro de uma assentada, confesso que para mim não está mesmo a ser um livro que se lê assim num fôlego.

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    1. Olá Filipa :)

      Esta foi uma opinião difícil para escrever sem spoilers porque queria de explicar bem o porquê da minha indecisão e não estava a conseguir fazê-lo, sem falar de alguns pormenores do desenvolvimento... Compreendo o teu ponto de vista, também fiquei um pouco assim. Quando cheguei a metade da obra tinha ideia que ainda não se tinha passado nada que me prendesse verdadeiramente, que me fizesse afirmar que o livro era efectivamente muito bom, embora seja agradável e interessante...

      Li-o mesmo muito rápido, mas compreendo a tua demora porque, por vezes, o livro é um pouco frustrante e exasperante, o que leva a que suspendamos a leitura. Espero que continues a gostar da leitura e que possas vir a gostar mais do que eu. :)

      Beijinhos e boas leituras.

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  2. Olá Rita,

    Nunca li, mas já li muita coisa sobre a escritora, que tem legiões de admiradores e legiões de pessoas a dizer mal.

    Seja como for e daquilo que percebo tem uma escrita cativante e que nos vicia facilmente.

    Eu acima de tudo dou-lhe o mérito de colocar muita gente nova a ler e penso que veio abrir portas a uma nova vaga de vampiros, se está a ser bom isso não sei dizer :)

    Bjs e boas leituras

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    1. Olá Paulo :)

      É verdade, esta é daquelas escritoras que ou se odeia ou se adora, um pouco como agora a autora do "Cinquenta Sombras de Grey". :P Mas como referes, pelo menos ambas têm a particularidade de colocar várias pessoas a ler, que até então não o faziam, e, por isso, têm um grande mérito. :)

      Sim, tem uma escrita bastante acessível e que rapidamente nos cativa. O único senão que lhe aponto é a forma como desenvolve cenas excessivamente e as cenas se acção serem tão escassas...

      Beijinhos e boas leituras

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